sábado, 31 de janeiro de 2009

Saree de A a Z

Saree!!! Porque nao escrever sobre o traje indiano mais famoso?

Espero conseguir tirar todas as suas duvidas sobre sobre saree neste post. Claro, estou limitada dentro dos meus conhecimentos de saree, que ainda nao sao tantos assim. ;)

O que eh?

Saree eh em um pedaco de tecido de 6,5 metros de comprimento (falei 9 em outro post... eh verdade, alguns chegam a 9 metros!) e (estou chutando) uns 1,2 metros de largura. Pode ser de seda, de algodao, chiffon (nao sei o nome em portugues) e outras misturas possiveis : seda com algodao, etc etc etc.

Como se usa o saree?

Para usa-lo, acompanha-se um petticoat, que eh uma saia de algodao colocada por baixo, que garante a “fixacao do saree”, ou seja, se coloca parte da largura do saree pra dentro dessa saia. E claro, nao podemos esquecer da choli, top usado por baixo tambem.

A blusa em geral eh feita com um pedaco do saree, que vem extra. Ou seja, ao comprar o saree, tem que cortar uma parte do tecido que eh destinada para a blusa e ir para o costureiro para fazer a blusa sob medida. Essa parte do tecido em geral eh diferente, se o saree tem duas cores, a blusa eh da cor menos predominante pra dar o contraste.

Curiosidade: antigamente, os sarees eram usados sem a blusa, imagino que a blusa foi introduzida com a chegada dos ingleses por aqui.
Quando se usa o saree?

Sempre. Casamentos, funcoes familiares, dia-a-dia e ate pra fazer faxina! Juro, a nossa empregada vem de saree trabalhar... hihihih O que diferencia cada situacao eh claro o tipo de saree, o tecido, os bordados, a maneira de amarrar... E tambem a classe social. Em geral, classes sociais mais altas so usam saree em festas chiques e casamentos. As mulheres de classes mais baixas, como a minha empregada, chegam a usar todo o dia, pra fazer compras, cozinhar, ficar em casa...

Entao na rua sempre eh possivel ver uma mulher de saree. Umas com sarees mais bonitos, de tecidos mais nobres e outras com sarees simples de algodao. Em compensacao, ir para um casamento e ficar observando os sarees eh um delirio pra mim... Ve-se de tudo, todas as cores (menos preto), bordados lindissimos, diferentes estampas... UAU!

Como se compra um saree?

Bom, ai ja escrevi um post so sobre isso quando comprei meu primeiro saree para o casamento do sul da India... ;) Voltem la!

Quanto custa um saree?

Tem de todos os precos. Todos mesmos. Acho que o mais barato deve custar 100, 200 rupias (em algodao) e tem mais caros com bordados e linhas de ouro que devem chegar facilmente nas 50 mil rupias! O primeiro saree que eu comprei, tipico do sul da India, de seda e cores fortes, saiu por 2500 rupias, tipo 100 reais e acho que foi caro. Depois comprei um saree estilo gujarati, vermelho e com bordados num mercado de rua e saiu 1000 rupias. Ai fui passada pra tras mais uma vez e paguei 950 rupias pelo saree azul do casamento norte indiano (argh!!) que era de uma mistura de seda com sei la o que (foi o que me disseram pra vender, mas duvido!). Por ultimo, comprei um de imitacao de seda que tinha uns desenhos lindos por 400 rupias.

E finalmente, como se amarra o saree?

Todo mundo enche a boca pra dizer que eh impossivel, mas na verdade nao eh tao dificil assim. ;) Claro que do jeito que eu amarro o saree nao fica impecavel... mas da pro gasto! Depois eh com a pratica que vem a perfeicao!

Outra coisa: tem 500 maneiras diferentes de amarrar o saree... a “sanfona” na frente esta presente em todos os modelos, mas a maneira de colocar o dupatta – parte que vem sobre a blusa – muda bastante... O modelo mais comum eh um que faz uma outra “sanfona” com o dupatta atras (o tecido envolve a frente e a parte solta fica atras). Tem outro modelo em que a sanfona vem pra frente. (A sanfona fica fixa porque se colocam joaninhas pra fixar.) Outro modelo nao tem safona nenhuma e que o tecido fica solto e se segura a ponta com a mao. Pra mim, esse modelo eh disparado o mais chique... ( modelo que estou usado nas fotos do casamento norte indiano) Tambem eh esse mesmo modelo que eh usado quando elas colocam sob a cabeca...
Bom, chega de falar de modelos, porque nem eu conheco todos... agora vou tentar explicar em palavras como amarrar o meu modelo preferido, mas juro que logo logo posto umas fotos com o passo a passo de como fazer (preciso de alguem como fotografo pra tirar as fotos enquanto eu amarro ;) ).

O primeiro passo eh o mais simples eh vestir a blusa e a saia. Quer dizer, a blusa talvez nao seja tao simples assim, porque eh tao apertada que talvez se necessite ajuda. ;) Em geral, a blusa fecha na frente, porque essa parte sempre fica coberta, enquanto as costas ficam a mostra (e nao costas sempre tem um detalhe, um bordado, etc).

Entao tem que pegar o saree pela parte do dupatta ( parte final do tecido e tambem geramente com um design diferente, tipo uma cor diferenre do saree, um desenho, etc) e medir duas vezes o comprimento de uma mao ate outra com os bracos abertos ( envergadura dos bracos) . Esse eh o comprimento que sera usado pra amarrar o dupatta que pode ser de todas as mil maneiras que eu falei.

Marcado este comprimento, se pega a outra extremidade do saree e se enfia a pontinha pra dentro do petticoat. Da uma volta na cintura e entao todo o tecido que sobrou dai ate aonde foi marcado o outro comprimento deve virar uma sanfona (dobra o tecido como uma sanfona) e ser enfiado pra dentro do petticoat tambem. A dica pra sanfona nao desmanchar eh prender com joaninha. Uma vez que se enfia a sanfona pra dentro, tem que enfiar todo o tecido em volta da cintura.

Pronto, pelo menos a parte de baixo esta ok! Pra fazer a sanfona, quem nao esta treinada precisa de ajuda... hihih alguem pode fazer sem problema nenhum (pra quem nao esta enrolada no tecido, eh facil enrolad de fora). As indianas tem uma tecnica brilhante de fazer a sanfona com a ajuda do dedao, dedo indicador e dedo do meio... Dificil de entender sem ver, enfim, eh essa geralmente a largura da sanfona; a distancia entre o dedao e o indicador esticados... Nao se atrapalhem em entender, juro que ja mando fotos!!!

Pra amarrar o dupatta do meu jeito preferido, basta pegar a parte que sobrou, enrolar pelo corpo subindo progressivamente (primeiro o tecido envolve a cintura, depois a costela e depois o peito) uma vez. Quando ja se deu uma volta com o tecido, coloca por cima do ombro e joga pra tras. Ai passa pelo lado oposto do ombro e tras a pontinha do tecido pra frente de novo. E essa pontinha que se segura com a mao.

Ufa! O saree esta colocado!!! Agora so falta o bindi que ja fica uma indiana perfeita!


Essas foram as perguntas e respostas que eu consegui pensar... Se voces tiverem mais alguma, deixem um comentario que sera meu prazer responder.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mumbai's clicks

Dias atras foi a vez das palavras; agora sao imagens que serao utilizadas pra descrever um pouco mais da vida em Mumbai...

Por do sol, Gateway of India, 6pm


Parece dificil de acreditar que Mumbai tenha algum angulo bonito... mas ai esta, por do sol visto de um barco a vela, proximo ao famoso ponto turistico Gateway of India. Tirei essa foto num passeio que fizemos na semana passada, quando, velejando apenas alguns quilometros da costa, ja deu pra sentir uma paz incrivel... Nenhum ruido da cidade, so a sua vista de longe. O maximo!
Noh no transito, Bandra, 5 pm (final de semana)

Importar notar que tirei essa foto num final de semana (durante semana seria algumas vezes pior que isso). Da pra perceber o noh que se formou? Um carro querendo dobrar pra um lado, um rikshaw pra outro; outros querendo seguir reto, alguns querendo dar a volta... enfim, bem-vindo ao trafico indiano! Onde NAO HA regra, tudo eh possivel!

Chaiwhalla, Bandra, 4pm


Importante os interessados na India aprenderem essa palavra: whalla. Significa alguem que faz alguma coisa. Nesse caso, chai eh cha, entao Chaiwhalla eh o cara que faz ou serve cha. Esses estao espalhados pela cidade inteira, vendendo um cha bem doce e com bastante leite. Nao ha multidao que nao se forme em volta, conversando e tomando o cha por 3 rupias (12 centavos) e a qualquer hora do dia.

Paanwhalla, Juhu, 3 pm

Agora que ja aprenderam a palavra, so preciso traduzir Paan. ;) Paan eh essa folha embrulhadinha que voces veem na foto e paixao nacional. Paan eh preparado com um xarope bem doce, coco, nos moscada, “limestone” (a traducao eh calcio?) e nao ha indiano que nao ame mascar e mascar e mascar paan. Eu ja experimentei, mas devo confessar que a ideia de comer uma folha nao me agradou muito (uma folha que esta muito mais pra folha de arvore do que alface!). Doce e crocante, eh isso que posso dizer. ..
O nosso amigo tambem vende cigarros avulsos e umas gororobas que os indianos gostam de mascar (as embalagens penduradas).

Taxi, Crawford Market, 2 pm



Acho interessante “o momento” que foi clicado; taxista esperando o proximo cliente. Se eu quisesse pegar o taxi, teria que chegar ali e perguntar: “Churchgate chalega?” (Vamos para Churchgate?) e ele balancaria a cabeca pra dizer sim ou pra dizer nao, mas de maneiras sutilmente diferentes. Sim, aqui tem que perguntar pros motoristas se eles querem te levar pra onde quer que seja... um absurdo! Se eh muito perto ou muito longe, em geral se tem problemas... Mas como tudo na Incredible India, a gente acostuma, eh ja me vi pedindo “Please, please” pra um que outro quando nao concordam diretamente em me levar ao meu destino. ;)

Churi shop, Malad, 3pm


Meu delirio! Churi eh pulseira em hindi e o indiano que aparece na foto ja virou meu amigo, de tanto que eu ja fui la. Essas lojas estao espalhadas pela cidade inteira, mas alem de me atenderem muito bem nesta loja, acho que eles tem pulseiras lindas e que o nosso amigo – esqueci o nome dele, mesmo depois de perguntar varias vezes – faz combinacoes incriveis: basta dizer uma cor ou mostrar a roupa que se quer combinar que sai magica.

Contraste, Malad, 5 pm



Nenhuma novidade para os brasileiros essa foto... Tambem vemos alguns destes constrastes no Brasil, embora geralmente as favelas sejam mais isoladas. Aqui nao; as favelas e os apartamentos de elite vivem muito proximos e em forma de simbiose, onde a favela oferece aos ricos mao de obra barata como empregadas, cozinheiras, motoristas, etc... Dharavi, considerada a maior favela da Asia, fica bem no meio de Mumbai, entre Bandra e Dadar, dois bairros considerados bons para morar.

Dhabbawhalla, Colaba, 1:30pm


Dhabba eh a marmita ou “tiffin”, em ingles. Nessa foto, a marmita sera entregue pelo dhabbawhalla ao escritorio do dono, depois de ela ter sido preparada em casa pela sua esposa. Em Mumbai, o sistema de entrega das marmitas eh tao bem organizado e estruturado (com um erro em nao sei quantos mil) que ate Standford ja resolveu estudar. Eles usam um sistema de cores, pontos, sei la; so sei que a marmita do vegetariano jainista nao chega na mesa do carnivoro rajput hindu.

Bhajiwhalla, Dadar, 6 pm


Nao sei se realmente se fala bhajiwhalla para descrever o vendedor de verduras, mas ja que aqui tudo tem um whalla e sabendo que bhaji eh verduda, resolvi arriscar. Vendedores de verduras e frutas tambem estao por toda a parte, mas mais concentrados nos suburbios, em ruas principais. As verduras que se encontram sao lindas, juro que quando olho morro de vontade de cozinhar: tomates vermelhinhos, quiabos verdinhos, beringelas roxinhas... yummy yummy... pena que a minha cozinha eh um desastre!!

Onibus, Goregaon, 10 am


Esse eh o onibus que eu costumava pegar. E bem decentezinho quando a lotacao eh correta, mas pega-lo em horas de pico eh uma experiencia pior que a dos trens: no que o onibus para eh uma correria pra -porta e um empurra – empurra geral e nao tem compartimento so para as mulheres... ufa, ainda bem que ja passei dessa!

Indianos a toa, Nariman Point, 5pm


O que eles estao fazendo ai nao me perguntem porque tambem nao sei! Podem ser pescadores, ter um barquinho, mas tambem podem estar muito bem a toa por ali. A quantidade de indianos que a gente ve a toa na rua eh incrivel: em volta de chaiwhallas, em volta de banquinhas de comida, atirados num canto dormindo... E muito indiano por tudo!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E da-lhe Bollywood!

Tres horas, tres horas e meia... Essa chega a ser a duracao de um filme de Bollywood. No meio da trama, sempre um romance, cancoes inteiras com os atores cantando e um fundo colorido, cheio de dancarinos e passos ensaiados. Definitivamente, os filmes de Bollywood sao a maior fonte de entretenimento dos indianos. A propaganda inicia muito antes do filme estrear, com o lancamento das cancoes – que comecam a aparecer no radio, em canais de musica e etc ate mesmo um mes antes da estreia – e tambem com a publicidade intensiva em banners, posters etc espalhados pela cidade. Comenta-se tanto sobre o filme antes, que mesmo que a India nao fosse superpopulosa, eu nao me surpreenderia com as multidoes que enchem os cinemas no dia da estreia.

O tema Bollywood veio a tona porque foi com Bollywood que me distrai este final de semana. Ontem, dia 26 de janeiro, foi feriado, dia da Republica (quando a Constituicao entrou em vigor, dia 26 de janeiro de 1950, tres anos apos a Independencia em 15 de agosto de 1947). Contando que era segunda feira, proporcionou um feriadao aqui. Ja que feriadoes sao super raros; nao pela falta de feriado, mas por ninguem “enforcar” o dia entre o feriado e o final de semana ( isso vale uma discussao... indianos trabalham muito! Maioria das empresas no sabado, empregadas todos os dias, enfim, voltarei a comentar isso mais tarde! ) Enfim, ha semanas nos estavamos ansiosos com o feriadinho. A maioria dos trainees estava organizando uma viagem para Goa; eu nao me animei muito porque alem de ja ter ido pra Goa, ninguem que eu tivesse muuuuita afinidade estava indo... Preferi esperar para saber quais seriam os planos do Saumitra e do Sandeep. Indianos tipicos, deixaram ate o ultimo minuto pra decidir; e em ambas programacoes eu nao estava incluida: Sandeep resolveu visitar a familia em Delhi e Saumi resolveu ver uns amigos em Bangalore.

Resumindo a opera, fiquei os 3 dias solita em casa – o que pra mim eh muito estranho, desde que cheguei aqui, no pais das multidoes, nunca passei uma noite sozinha. Ai o remedio foi da-lhe Bollywood!

Pra quem nao acredita na sua potencia, Bollywood eh considerada uma das maiores industrias cinematograficas do mundo e ja esta conquistando fas mundo afora (ouvi falar que em Londres ja se tem facil acesso aos filmes).
Ver o mesmo artista estreiando em 3 filmes diferentes ao mesmo tempo eh normal, mesmo com tres roteiros pra decorar e sets no exterior, que dao aos filmes cenarios nos Alpes suicos ou em praias australianas.
Beijo na boca??? Nem pensar! Se chegar a acontecer, eh um selinho... As dancas pode ser ate bem sensuais, mas pra garantir a aprovacao do publico conservador indiano - onde demonstracoes de carinho entre casais em publico nao sao bem-vindas -, os romances nos filmes sao extremamente comportados.
E pra quem pensa que na India basta saber ingles que tudo bem, se engana... alem de ter as dificuldades do dia a dia ao negociar com um motorista de rikshaw, pedir informacoes na rua e comprar em mercadinhos, quem nao fala hindi nao entende os filmes (no cinema nao tem subtitulos). A solucao que eu encontrei eh sempre ir acompanhada de um indiano ao cinema, para que ele possa me dar um resumo do que esta acontecendo. Mas depois de 5 meses aqui; ja pesco bastante: alem de saber algumas palavrinhas em hindi e de entender pelo contexto, pequenos dialogos sao tidos em ingles - o que tambem acontece no cotidiano, onde palavras inglesas sao facilmente incluidas numa conversa em hindi.
Mas pra encerrar o post, vou fugir um pouco de Bollywood e recomenda-los um filme que esta mais nos padroes ocidentais: "Slumdog Millionaire" conta a historia de um menino da favela e que consegue ganhar o premio maximo num desses programas de TV "O jogo do milhao" respondendo corretamente as todas as perguntas. E levado para a policia porque como pode um favelado que sequer frequentou a escola responder todas as perguntas? A verdade eh que todas as perguntas estavam relacionadas a algum momento da vida dele e isto eh mostrado no filme de uma maneira bem interessante. O filme ja tem 10 nomincoes a Oscar - varias relacionadas a musica, tem uma trilha sonora fantastica - e a maneira como ele mostra a realidade, a pobreza, a sociedade aqui, eu consideraria esse filme como o "Cidade de Deus" indiano.
Pra quem gosta de ler, sugiro o livro em que o filme foi inspirado, que eh fantastico, com uma leitura viciante e que mostra muito da cultura e da sociedade indiana: "Sua Resposta vale um Bilhao" de Vikas Swarup (versao em portugues).

sábado, 24 de janeiro de 2009

Brasil e India

Nao foi so a India que esteve presente no Brasil essa semana, com a estreia de “Caminho das Indias” na Globo. O Brasil tambem passou por aqui, quer dizer, pela minha vida nesses ultimos dias.

O primeiro evento foi o encontro com a Maira, paulista que tambem mora em Mumbai que encontrou meu pai e meu irmao em uma visita ao Amer Fort em Jaipur (enquanto isso eu e a minha mae estavamos perdidas em outros comodos do castelo). Meu irmao passou meu telefone pra ela e essa semana nos encontramos em Mumbai. Impressionante, em menos de meia hora, ja sentia a Maira como uma velha amiga. E interessante a maneira como o relacionamento com os nossos conterraneos muda quando estamos fora do pais. Nao sei o que exatamente acontece, mas a verdade eh que aqui na India, brasileiros e outros latinos sao como irmaos: temos uma visao parecida sobre a diversidade do pais, sentimos falta das mesmas coisas, nos questionamos as mesmas perguntas e claro, falamos a mesma lingua. ;)

Nos encontramos em Colaba, ja que ela mora no extremo leste da cidade enquanto eu moro no extremo oeste... Entao, ambas foram rumo ao sul (onde os dois extremos sao bem conectados com linhas de trem) e nos encontramos na frente da famoso “Cafe Leopold” quinta feira a tardinha. O encontro que era pra ser “brasileiro”, virou internacional, com a companhia da Vanessa, de Honduras mas que mora em Taiwan; do Jagdish, indiano que morava nos Estados Unidos e do Anjun, “indiano” que nasceu e cresceu em Dubai. Imaginem a confusao, quantos paises e quantas experiencias para dividir: Brasil, Honduras, Taiwan, China, India, Estados Unidos e Dubai!!!

Mesmo nessa diversidade toda, consegui trocar umas palavrinhas em portugues com a Maira sobre a nossa experiencia aqui... E mais uma vez surpreendente como as nossas impressoes sao parecidas. Mesmo a Maira sendo de Sao Paulo, eu do Rio Grande do Sul, ela das humanas, eu das exatas... as duas brasileirinhas na tumultuosa Mumbai veem as coisas de uma maneira bem semelhante. ;)

O segundo evento foi que, impulsionada pela curiosidade de ver como a “India” estava aparecendo no Brasil, surfando encontrei o blog da minha xara, jornalista, Cora Ronai (cora.blogspot.com). Ela recem tinha escrito um fascinante texto sobre a India e nao resisti em deixar um comentario... O comentario deu eco e recebi varios visitantes novos aqui. Alem disso, com a estreia da novela, as pessoas ja comecaram a procurar sobre India, casamentos indianos, sarees etc e acabam caindo no blog. Entao essa semana foi regada de visitantes de todo o Brasil, o que me deixa extremamente contente – quer experiencia melhor do que poder dividir suas historias com tanta gente?

Entao, para os visitante deste Brasil, para que a curiosidade que possa ser despertada com a novela tambem possa ser sanada rapido, peco pra que deixem suas sugestoes aqui: perguntas, ideias de temas para escrever, feedbacks... Aproveitem que enquanto a novela passa ai, tem uma brasileira aqui pra ver tudo de perto!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Enderecos na India

Para responder o comentario do Paulo, vale um post! ;)

O meu primeiro choque quando eu cheguei em Mumbai foi em pensar como eu me localizaria na cidade. Levei dias, protegida pelo Ajay e pela Seema (indianos que foram a minha”familia hospedeira” por duas semanas), ate sair sozinha pelas ruas de Mumbai. E naquela epoca, eu ainda nem sabia o quao complicado era achar um endereco... Tinha medo de me perder porque a cidade foi construida de uma maneira nada planejada, onde ruas dificilmente sao sempre paralelas e quadras raramente quadradas... Na verdade, antes mesmo de chegar aqui, ja estava desconfiada do sistema de enderecos daqui: curiosa, fui no Google Maps varias vezes pra tentar achar o escritorio que ia trabalhar, e sempre foi um trabalho fazer o Google reconhecer o endereco.
Para acabar com o misterio, existem nomes de ruas sim. O problema que so para ruas muito principais e acaba que as ruas em voltas das ruas principais levam o mesmo nome... Pra piorar, em vez de ter os numeros bonitinhos como a gente, em ordem crescente, impares por um lado, pares por outro, aqui NAO TEM NUMERO DE CASA! Se alguma casa ou edificio tem numero, eles sao completamente aleatorios. Aqui sao usados os nomes dos edificios... Tipo, meu endereco eh:
A 102 Wing Galaxy Classique MG Road
A MG Road (leia-se, em sotaque indiano emi jiii rold) eh a rua principal perto da minha casa e ela nao eh nada pequena. Galaxy Classique eh o nome do Edificio. Entao imaginem voces, no comeco da MG Road, com um nome de Edificio e sem nenhuma referencia ( porque as casas nao tem numeros) se esta se aproximando ou se afastando do objetivo. A coisa comeca a funcionar quando eu digo que “ close do Rosary Church”, que eh uma igreja que tem aqui perto. Mas a unica solucao e “gastar o seu latim” (ou melhor, HINDI!!) e morrer perguntando para as pessoas em volta onde fica o tal do “Galaxy Classique”.

Eu demorei ate me adaptar a esse sistema... O estresse aumenta quando se esta num rikshaw ou taxi; eles sempre vao dizer que sabem o endereco... e quase nunca sabem! Ai chegando perto do lugar comecam a perguntar pra um pra outro... E indiano eh tao solicito que nao consegue dizer “nao, nao sei”, eles respondem, mesmo que seja o endereco errado... ai ja viu, voltas e mais voltas!!
Agora eu ja me adaptei e se nao tenho nocao nenhuma do lugar onde estou indo, apelo pro Google Maps. O engracado eh que nem o google maps acha os enderecos que eu quero, ai eu tenho que fazer um tipo “onde esta o wolly” no mapa pra tentar achar o meu destino. Com uma ideia da localizacao, fica mais facil chegar ate la e saber quem esta dando as informacoes corretas.

Pra resumir a opera, Mumbai funciona com “Landmarks”. Uma vez que se sabe o bairro (Goregaon, Colaba, Cuffe Parade, Worli, etc) tem que saber o “Landmark”: “opposite to Hotel Sagar”, “close to Coffee Cafe Day”, “very close to Bembos”, etc.
Outra coisa: nao da pra confiar muito nos indianos em termos de “close”, “very close”... pra mim, very close eh do lado, pra indianos, very close pode ser ate 5 minutos caminhando... hihih Enfim, so estando aqui e dando tempo ao tempo pra se achar nesta cidade!!!
Pra diversao, alguns enderecos de Mumbai:

Kamla Bhavan (nome do predio), Nr Old Bahar Cinema (Landmark que ninguem sabe, eu me perdi pra chegar la), Andheri East (bairro de Andheri, lado leste a estacao de trem)

Ground Floor, Jivan Kiran (nome do predio), 558-A (numero que nao sei pra que serve, porque tambem ninguem sabe) SV Road (rua que eh enorme) Bandra West (bairro de Bandra, lado oeste a estacao de trem) Close to Train Station (esse “close” foi pegar um rikshaw e gastar 10 rupias, ou seja, no minimo 1,5 km de distancia da estacao!!!), after Bembos (foi o que salvou a patria... uma vez nesse Bembos fui caminhando e achei o tal Jivan Kiran!!)

4 Apna Ghar(Edificio), SBS Road ( ninguem sabe o nome dessa rua e eh a principal de colabaaa!! Todos chamam por Colaba Causeway), Colaba (Bairro) close to Cafe Coffee Day ‎(mais uma vez, a salvacao)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Mumbai Experience


Depois de quase 5 meses em Mumbai, ja estava na hora de falar mais sobre a cidade. Importante saber que a cidade eh uma peninsula formada pelo aterro em volta de 7 ilhas e que, diferente de outras cidades da India que cresceram em volta de cidades sagradas ou rotas comerciais, Mumbai foi criada para servir interesses dos comerciantes britanicos.

O fato de ser uma peninsula, facilita muito mais a orientacao na cidade, que eh praticamente dividida entre Norte e Sul. No mapa ao lado, eu marquei a minha casa, no Norte, ou tambem chamado suburbios, Goregaon, e o meu trabalho, Sul de Mumbai, em Colaba. Nao sei se a ideia de distancia fica claro no mapa, mas isso representa 30 km. A linha de trem que vai de Goregaon ate Churchgate eh a linha da cidade que eu conheco: Andhrei, Bandra, Dadar, Mumbai Central... O que fica mais para o leste, ainda eh bem desconhecido pra mim (nao imagino que esteja perdendo alguma coisa). A diferenca entre o norte e o sul de Mumbai eh clara, o norte eh mais caotico, mais lotado, mais sujo e o sul eh um pouco mais organizado, com calcadas, transito um pouco mais ordenado, predios antigos e bonitos, etc.
A regra nao eh exatamente essa, mas quanto mais ao sul, mais caro fica pra morar. Nao falo nem so em acomodacao, ate mesmo as frutas em Goregaon sao mais baratas do que em Colaba.
Mas o interessante deste post nao eh a geografia da cidade... E sim as "25 Mumbai Experiences", experiencias que fazem parte da cidade. E la vamos nos:

1. Por do sol em Marine Drive (foto no outro post com a minha mae)

2. Tirar uma foto no Gateway of India, ao mesmo tempo espantando vendedores de Balao Gigante

3. Barganhar/Pechinchar em Colaba Causeway

4. Ser figurante de Bollywood

5. Ver um filme de Bollywood no dia da estreia

6. Pegar um trem na hora do Rush onde um compartimento leva 400 pessoas e so 100 delas sentadas

7. Se perder para achar um endereco – ja que na India nao existe nome de rua e numero de casa, so “landmark”

8. “Passear” perto de uma estacao de trem a tardinha – abarrotada de gente

9. Andar na porta, meio pendurado, de um trem vazio - vendo a cidade a cidade passar

10. Tomar “garam chai” (cha quente) na rua e ficar em volta conversando

11. Tomar um cafe no Cafe Coffee Day, Barista ou Costa Coffee

12. Sentir os efeitos da poluicao em tudo – desde po ate nao ver o sol

13. Odiar ainda mais pombas – que cagam por tudo!

14. Shopping em Andheri Station; ou qualquer outra Station

15. Comer “ Pav Bhaji” (pao com legumes) em Juhu Beach

16. Ir a um restaurante legal em Bandra

17. Ficar preso no transito

18. Ser “cortado” – no transito, nao ha preferencia

19. Viver um festival - com gente de todo pais e de todas religioes, aqui se comemora tudo

20. Almocar “tiffin” (marmita) no escritorio

21. Trabalhar no sabado – aqui quase todo mundo trabalha, menos eu!

22. Comer “chaat food” (comida de rua)

23. Comprar legumes e frutas na rua em especies de camelos

24. Ver sequelas de ataques terroristas

25. Falar “Indian English” – trice, only no final de cada frase, etc
Se tiveram qualquer problema pra entender uma das Mumbai Experiences, deixem um comentario que eu explico no proximo post!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As varias "Indias"

Foto: Eu e Mami curtindo um por do sol em Mumbai, Marine Drive
Ontem de madrugada meus pais embarcaram de volta ao Brasil, depois de mais de 15 dias de uma experiencia bastante intensa na India. Eu ja tinha percebido que um pais se revela distinto para cada pessoa e que isso pode depender de muitas coisas: da pessoa em si, da estrutura da viagem ou ate mesmo da sorte. Os exemplos que conheco sao claros: tive uma viagem fantastica na Turquia, apos uma amiga suica dizer que nao fosse para la de jeito nenhum – baseada na experiencia dela; e tive uma viagem super tensa no Marrocos e meses depois meus pais voltaram encantados do mesmo pais.

Claro que isso eh mais comum em paises de terceiro mundo, afinal, eh mais dificil discordar que a Suica eh limpa e organizada, que a Franca tem restaurantes e lojas otimas, etc. Entao, obvio que na India nao poderia ser diferente...

Primeiro meu erro: nao sei como, nao consegui transmitir a mensagem para os meus pais de como era a cidade de Mumbai; baguncada, caotica, suja, barulhenta, lotada... A cidade eh tao caos que ate os indianos de outros lugares se chocam com ela. Eu tambem me choquei, mesmo depois de chegar aqui mais que preparada, depois de ja ter lido e me informado muito. Mas de alguma maneira, esse caos nos envolve, em meio de pessoas amigaveis, bazares interminaveis, barzinhos, Bollywood, etc, que cheguei a escrever um post “Mumbai Meri Jaan (minha vida)” ha pouco tempo atras.
Entao claro que foi aquele “choque cultural” para os meus pais... Andar na rua aqui eh um desafio constante, desvia buraco aqui, pessoa ali, sujeira la... e pra quem e turista, em certos lugares ai tem os fatores: desvia o pedinte aqui, desvia o vendedor la, desvia o indiano espertinho aqui (esses que vem oferecer ajuda, depois comento mais). Eu ja nem sinto mais isso, ja virei indiana e me acostumei a andar no caos... Para os meus pais e meu irmao essa ja nao foi uma experiencia facil... Acho que o azar contribui dessa vez, porque caminhando em Colaba, zona sul de Mumbai e um dos lugares mais nobres da cidade, em um dia vimos um numero de mendigos igual a soma de numeros de mendigos que vejo em um mes.
Fator complicante 2: Comida! Vaaaarios estrangeiros aqui tem problema com a comida, muito apimentada, muito temperada, muita empapada, pouca carne etc... Mas, mais uma vez, eu alem de acostumada, amo e saboreio a comida daqui... E tcharam: minha mae nao gostou... achou tudo com gosto de cominho, que nao dava para diferenciar um prato de outro... Meu pai e irmao acho que gostaram, aceitaram, mas nao concordavam em comer em qualquer restaurante... E Mumbai, ou melhor, a India ate tem restaurantes bons e ajeitadinhos, mas acha-los eh uma tarefa ardua... Entao outro grande problema sempre foi a hora de comer...
Bom, e foi assim que comecou a nossa viagem... e tambem nao muito planejada, ja que depois dos ataques terroristas ficou-se uma indecisao no ar, nao sabiamos se seria seguro viajar de aviao, ir pra tal lugar, etc, que deixamos tudo pra resolver na hora.
Voamos para Delhi no dia 31 e fomos recebidos com uma intensa neblina, poluicao misturada com nevoa. Na capital indiana nao tivemos muita mais sorte que em Mumbai; na noite do dia 31 nao conseguimos nem pegar um taxi ; problema um tanto comum na India que praticamente so tem riquixa. Em Mumbai o mesmo problema acontece, porque quem tem um pouco mais de dinheiro tem carro e motorista e quem nao tem prefere pagar menos e pegar um riquixa ao inves de taxi. Entao em Mumbai, tambem eh impossivel achar um taxi na rua, so riquixa... De Bandra para o sul os riquixas sao proibidos e eh possivel encontrar taxis aos montoes (mas nao esperem muito dos taxis, carros tao velhos e acabados quanto os riquixas!).
Mas voltando ao problema de Delhi: 31 a noite, a gente com fome, frio e nada de achar um taxi na rua (isso que estavamos numa zona nobre da cidade)... a solucao foi meter 4 num riquixa!!! (cabem tres...) Na volta do restaurante para o hotel, o mesmo problema, nao conseguimos achar um taxi nem no centro comercial que estavamos... (acho que o fator 31 agravou a situacao). La vamos nos, 4 no riquixa... E em Delhi tem o fator pechincha, que tem que negociar o preco com o motorista antes, mas com medo de perder a “solucao de voltar pra casa”, nem me animava muito e acabada aceitando precos altos para corridas curtas (150 rupias o que em Mumbai custaria 50 rupias).
A visita para Agra e o Taj Mahal fizemos no dia seguinte, dia 1. Pra variar, o azar ajudou: com uma tarifa de 10 rupias para entrar – enquanto nos estrangeiros pagamos 750 rupias – dar uma visitinha no Taj Mahal no primeiro dia do ano era um bom passatempo para qualquer indiano. Entao la estavam familias e mais familias, criancas, idosos, maes, tios,amigos, etc etc etc... E parece que eu to escrevendo de sacanagem, mas eh isso mesmo, a impressao que da eh que eles entao so pra se aglomerar, porque foram raros os que eu vi admirando o monumento... alem de se aglomerar, eles entram para encher o saco de turista! Hihih Parte da hospitalidade e curiosidade indiana, muitos vem e perguntam de onde a gente eh, etc, e alguns vem e pedem pra tirar foto com a gente.
E foi eu deixar tirarem a primeira foto que a fila nao acabou mais: desde familias a grupinhos de amigos homens, vinha gente me pedir pra tirar foto com eles... No inicio eh engracado, me senti lisonjeada, astro de Bollywood, mas depois de um tempo, cansa!!! Os caras ainda faziam questao de tirar uma foto em grupo depois um por um sozinho comigo... argh!! Tive que me tapar, fugir, sei la!
Voltando ao Taj Mahal, o monumento em sim, eh bonito mesmo, mas nao sei se por causa do meu “humor”, nao achei nada extraordinario. Tambem, dificil admirar qualquer coisa naquele “formigueiro de gente” como disse a minha mae.
A continuacao da viagem foi seguir para Jaipur, capital do Rajastao. Eu ansiava por esse momento, quer dizer, ansiava antes da viagem comecar, quando vivia a minha vidinha em Mumbai. Jaipur eh o centro do artesanato na India, onde acontecem a maioria das exportacoes de artigos de decoracao, tapetes, roupas, joias... Entao nao via o momento de conhecer a mina de ouro, poder comprar tudo a preco de banana! Alem disso, Jaipur eh cheio de palacios antigos de marajas, fortes, que tambem atraem a minha atencao.
Mas naquele clima todo da viagem, quando finalmente estava em Jaipur nao fiquei nem um pouco animada. Por sugestao minha, pegamos um tour da agencia do governo local que levava ate os principais pontos turisticos de onibus (alguns sao distantes da cidade, como 10, 15 km). Porem foi um erro fatal: fomos em quase TODOS os monumentos da cidade e tinhamos em torno de uma hora pra cada um. Primeiro que depois do segundo forte, tudo ja parece igual. Depois que alguns monumentos nao tinham graca nenhuma. E terceiro: enquanto os indianos continuavam pagando a palhacada de 10, 20 rupias (40 – 80 centavos) “os bonitos aqui” tinham que pagar 100, 200 e ate 300 rupias por cabeca. Niguem merece!!!
E o meu street shopping na capital do artesanato da India, sem a compania certa, foi tambem pras cucuias... ate tentei arrastar meus pais um dia pra cidade antiga e pra olhar umas lojinhas, mas tudo era sem graca pra eles (na real eles estavam cansados, nao gostaram da ideia de barganhar e comprar no meio de uma bagunca) que em seguido eu tambem perdi o saco. Pra salvar o dia, gracas a uma dica do Sandeep, que estou muitos anos em Jaipur, fomos numa loja grande, mais “chique” de Jaipur, onde consegui, finalmente, fazer meus pais passarem o cartao de credito. ;)
De Jaipur, o Gabriel, meu irmao se despediu da gente. Eu voltei pra minha rotina em Mumbai e meus pais foram passar alguns dias num resort em Goa. Foi um alivio pra mim reve-los dias depois morenos e contentes da experiencia que tiveram; pelo menos nos ultimos dias curtirao a India e seu mar com ondinhas, areias brancas, brisa agradavel e conforto de um hotel 5 estrelas.
Fico chateada em pensar que a minha India eh diferente da India que meus pais e meu irmao viram. A minha India colorida, com comida deliciosa, um paraiso para as compras, um mar de culturas e costumes diferentes, com indianos simpaticos e prestativos, festas divertida nao eh a India baguncada, suja, sem infraestrutura , barulhenta, com comida muito condimentada e estressante que eh para eles. Mas e o que foi desta vez que contribui pra essa experiencia deles? Eles mesmos? A estrutura da viagem? O azar? Nao sei, talvez tudo, talvez nao... so sei que a minha paixao pela India continua acesa como sempre. ;)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Casamento "Norte" Indiano

Depois que voltei meio decepcionada do casamento em Bangalore, onde esperava tudo mais ou menos no estilo do filme “Monsoon Wedding”, na rua, com danca, colares de flores pendurados por tudo e pessoas muito arrumadas; todo mundo nao parou de me consolar dizendo que logo logo eu teria uma oportunidade de ir num casamento do Norte da India, que sao mais vistosos que os do Sul alem de mais divertidos. So pelo convite do Casamento do Anupam e da Sumati ja deu pra sentir que a comemoracao seria grande... tres convites:

Sexta a noite, recepcao no Taj (Rede de Hoteis de luxo aqui) , com dancas, drinks e janta;

Sabado a tarde, Tikka (pozinho que coloca no meio dos dois olhos, no sentido religioso), Mehndi (Henna) e Tel Baan (ritual que fazem no noivo) por parte do noivo, seguido de almoco;

Domingo de manha, a cerimonia em si, numa fazenda, seguida de almoco.

Desta vez nao tive o mesmo estresse do primeiro casamento, afinal, ja tinha as roupas (saree, lehnga e pulseiras combinantes), mas passeando em Delhi no dia do casamento vi um saree e nao me segurei... comprei! Misturei umas pulseiras que ja tinha, usei a mesma “peti cout” (saia de baixo) do outro saree e, acreditem se quiserem, enrolei o saree sozinhaaaaaaaaaaaa!!! Todo mundo enche a boca pra falar que eh dificil e nao sei mais o que, mas com uma explicacaozinha do carinha que me vendeu o saree a tarde, praticamente enrolei o saree sozinha!

A recepcao foi divertida, onde alem de fazer contato com varias pessoas interessantes – amigos do meu chefe e a maioria alumnis da AIESEC -, fui surpreendida por dancinhas e mais dancinhas apresentadas pela familia da noiva. Irmas, primos, primas... Uma gracinha ver o pessoal dancando... Claro, Bollywood!

Depois foi a nossa vez e mesmo cuidando com o saree ( vai saber ne, eu que enrolei, podia ser que ele “desmoronasse”! hihih) consegui dancar bastante!

O sabado foi pra mim o melhor dia. ;) Hennaaaaaaaaaaaaa, ou melhor, em hindi Mehndi!!! Cheguei e fui direto la... duas maos, dois lados... ai fiquei incapacitada o resto da festa, esperando a henna secar... nao podia pegar nada... tocar nada... acho que depois de uma hora e meia e arrisquei a comer... e pra completar, tinha uma carinha dando pulseiras que combinassem com a roupa... e outra carinha fazendo pulseiras de plastico... eu fiquei me tapiando com as outras criancinhas, mas no fim, sai sem a minha pulseira feita na hora... L em compensacao, levei varios conjuntos de pulseiras!!!

Neste dia, fomos convidados pela familia do noivo e a cerimonia era so com o noivo ... a noiva estava tendo uma cerimonia paralela, tambem colocando henna e tomando banhos e mais banhos de tempeiros, mas na casa dela. O tel baan eh um banho feito com turmeric – tempeiro amarelo – e oleo que esfregam no noivo... Pessoas mais proximas que participam do ritual, passando essa mistura no noivo.

Pra animar a festa, tinha um grupo de musica ao vivo e dancarinas vestidas com roupas do Rajastao... Nao eh que elas me pegaram pra dancar? Hihihih meio timida, mas fui...

O terceiro dia foi a celebracao do casamento em si, que foi realizado numa fazenda toda decorada com flores ... Nao prestei muita atencao na cerimonia, em compensacao, na roupa das outras mulheres... quase fui a loucura com os sarees, os lehngas, as joias, os xales que vi... No norte as pessoas sao mais extravagantes, bem diferentes dos sarees de seda lisos do sul.

O casamento fechou com um almoco ao ar livre... E sai feliz de ter visto um casamento em grande estilo!!


Comecando com as fotos de sexta a noite... a entrada do salao, eu e o Jagdish, meu chefe.

Na festa, pessoas da familia da noiva dancaram para os convidados... Bem interessante! Irmas, primos, primas... ate criancinhas!



Eu e a noiva! Ela estava em um lengha, traje usado bastante no Norte da India. Lehnga significa saia e pode ser feito de diferentes tecidos e ter diferentes trabalhos. No caso do dela, eh de seda.



Nao me aguentei com as florzinhas... Nao parei de tirar fotos! Quero o meu casamento assim tambem! Ai ta uma amostra das milhares de fotos que tirei!


Dia 2: fui direto para a Henna! E fiquei o resto da festa praticamente incapacitada... hihih so esperando a henna secar!


Tel Baan: ritual feito com o noivo... tem varios significados, so lembro da parte de tirar as coisas ruins... isso eh uma mistura de turmeric, tempeiro amarelo, com oleo.


Danca do Rajastao para animar a festa!


Dia 3: Olha os noivos!!!


Meu lehnga reciclado: com o friozinho de Delhi, precisei um xale emprestado!


Os noivos: enfim, casados!!!

Feliz 2009!!!

Otimo ano novo a todos!! Muitas realizacoes!

Com a correria e quebra de rotina no final de ano, nao consegui seguir o que tinha prometido… de escrever posts curtinhos e sobre temas variados… mas pra recomecar, vou dar uma resumida em tudo que aconteceu no final de ano!

O meu final de ano comecou com uma inesperada viagem a Delhi, um pouco antes do Natal. Meu chefe tinha um casamento de um amigo e aproveitou pra encaixar umas reunioes... Ai eu me encaxei na viagem! ;) E foi otimo: conhecer Delhi, depois de tanto tempo na suja, conturbada e lotada Mumbai foi o maximo. A cidade eh muuuuuito mais limpa, mais ampla, mais organizada... Nossa, em algumas partes da cidade eu ate esquecia que estava na India!

O casamento entao... Valeu demais! Era o casamento de um hinduista de Uipi, da casta superior Bramane, com uma moca tambem hinduista, mas do Punjab ( outro estado, que por sinal eh a mesma origem do Sandeep e ele vivia me dizendo que os casamentos punjabis sao os mais divertidos!). E foi realmente tudo em grande estilo: sexta a noite, o Sangeet, ou recepcao, num hotel de luxo, com muita musica de Bolywood; sabado a tarde, Henna, pulseiras, dancas tipicas... e finalmente, no domingo de manha, o casamento. Prometo escrever um post so sobre o casamento, a decoracao estava tao mas tao linda que cheguei a fazer um book meu, tirando fotos perto das flores... hihihih

Tambem esqueci de comentar em posts anteriores que aqui nao tem Natal. Sim, existem cristaos aqui, mas “a loucura” que vira dezembro pra nos no Brasil nao passa nem perto daqui... Nada de decoracoes, propagandas natalinas... nada... quer dizer, uma que outra decoracaozinha eu ate vi. Em Delhi, digamos, estava um pouco mais decorado. Mas tudo isso fez com que eu praticamente esquecesse o Natal... porque pra mim o gostoso do Natal nao eh o dia em si, mas a preparacao toda... Decoracoes, festinhas de final de ano com diferentes grupos de pessoas – colegas,amigos da academia, empresa, familia etc . Aqui minha vespera de Natal so foi divertida porque o Sandeep, meu amigo indiano, faz aniversario dia 25 e ficamos contando os segundos pra cortar o bolo pra ele a meia noite. ;) No Natal em si, organizamos uma festinha em grande estilo, com muitas comidas gostosas (mas indianas), drinks e danca!

Ai chegou o momento tao esperado: a visita dos meus pais e irmao mais velho! Ficamos uns dias em Mumbai e depois seguimos a Delhi, onde fizemos um passeio de um dia a Agra e depois seguimos a Jaipur. A chegada e estada deles aqui tambem merece um post exclusivo...

Agora retomo a minha rotina aos pouquinhos!