quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dúvidas sobre a Índia?


Aqui vai mais um trecho do que já escrevi para outra reportagem... (deu pra ver que ando meio sem inspiração para escrever coisas novas...)
Dessa vez o assunto principal foi Choque Cultural, e a Daniela, que também foi membro da AIESEC em Porto Alegre ficou interessada em escrever para a resvista onde ela trabalha. O artigo que ela está escrevendo promete, além de peculiaridades da Índia, ela andou pesquisando com outros brasileiros que já andaram pela China, Europa... Assim que a reportagem sair, publicarei o link!
As perguntas marcadas e os comentários logo abaixo, coloridos, foram feitos pela Daniela. Abaixo, tem as minhas explicações.

É muito comum trabalhar nos sábados?
( Eles fazem festas nos finais de semana? Os jovens saem a noite? Como é a diversão? O único dia de folga é o domingo?)

Sábado é considerado um dia útil (não lembro se os bancos abrem) e a maioria das empresas requer que os funcionários trabalhem no sábado. Algumas fazem disso uma rotina a cada duas semanas, outras encurtam o expediente (tipo das 10h às 14h). Sendo assim, o único dia de folga mesmo é domingo, ainda que as lojas e os shoppings abram – justamente, o passeio de domingo dos indianos é ir “no mercado” com a família toda.
A diversão pras famílias é estar reunidos e ir passear no domingo. Em cidades com monumentos históricos, como castelos, fortes, estes costumam lotar no final de semana, já que o ingresso cobrado pra indianos é irrisório ( tipo 10 rúpias, 40 centavos de real).
Para os jovens mais moderninhos, existem boates nas maiores cidades, mas a festa termina cedo: geralmente às 2h da manhã (mas também começam a meia noite como aqui). E Claro, as festas são cheias de homens, já que as meninas são mais “presas” pela família.
Bares com narguilé, cafés e sports bars (com tela mostrando futebol, sinuca e outros jogos) também fazem parte das distrações dos indianos (em cidades grandes).

Quanto mais rica a casta, menos tradicional ela é.
( Falar sobre o estilo das casas e as vestimentas)

Essa relação entre casta eu não posso afirmar. Mesmo porque, nem sempre a casta está diretamente relacionada com o poder aquisitivo. Na Índia, o número de empreendedores é tão grande que as vezes um cara muito rico tem uma origem mais simples.
Mas o que eu posso afirmar é que quanto mais exposta ao ocidente a família – negócios no exterior, filhos que foram estudar fora, etc – menos ela valoriza a cultura indiana: a casa tem pouca decoração indiana e as roupas típicas são usadas apenas em cerimônias e festas, no dia a dia, são substituídas por jeans.
Já as mulheres de baixa renda, não dispensam um saree e um bindhi nem pra trabalhar. Exemplo da minha empregada, que vinha fazer a faxina de saree, cheia de pulseiras e sempre com um bindhi na testa.

Contato físico.
( As pessoas não se beijam nem tocam em público...)

No mundo dos negócios, já existe o aperto de mão entre os homens. Já entre homens e mulheres nem sempre. No dia a dia, quando apresentado a alguém, geralmente só um sorriso, um gesto ou o famoso namaste valem como um cumprimento.
Entre os mais jovens, ainda mais quando uma das pessoas é estrangeira, meu caso, já é bem comum abraço e beijinho na bochecha.
Mas na Índia, não existe namorar em público. Não vou dizer que não dá pra encontra ninguém se beijando numa boate, mas esse fato é raríssimo. Na frente dos outros, os casais mal se olham e mãozinhas na rua só entre amigos homens (esse gesto é visto como amizade, não tem nada de homossexual).

Mão direita e mão esquerda
( Mão direita para comer, mão esquerda para se limpar. Não utilizam papel higiênico)

Como na Índia a água é utilizada para limpar-se no banheiro e a mão utilizada para isso é a esquerda, considera-se a mão esquerda impura. Assim, os indianos são ensinados desde pequeninhos a usar a mão direita para cumprimentar, para receber algo e para comer (só se usa uma mão).
O papel higiênico está ficando um pouco mais comum, mas só nas grandes cidades.
Violência
( É violento? Da medo? Terrorismo?)
Ta aí uma prova de que pobreza não significa violência: na Índia, não existe essa violência urbana que enfrentamos aqui, de assaltos, seqüestros e outros golpes. (Embora no interior mulheres devam tomar cuidado à noite... por causa da possibilidade de serem estupradas)
Ou seja, não existe insegurança individual na Índia, mas devido ao terrorismo, existe a insegurança coletiva – que pode acontecer a qualquer hora e atingir a todos. Os ataques terroristas são um reflexo da tensão entre os muçulmanos e indianos, ou melhor, entre a Índia e o Paquistão, já que a maioria dos grupos têm origem no país vizinho. Mas nunca tive medo do terrorismo, sei lá, não tenho medo de algo que não tem como evitar... sempre me senti muito mais insegura no Brasil. Afinal, se a gente colocar no papel, morrem mais brasileiros vítimas dessa violência brutal do que indianos vítimas de ataques terroristas.

Moradia
( Dividem o mesmo quarto e guarda roupa? Como é isso?)

Para famílias mais pobres em Mumbai, onde espaço é um bem caríssimo sim. Mas na cultura indiana, o que acontece é que as gerações moram junto, mas numa casa grande (cada casal tem seu quarto).
Vacas.
(Estão por todos os lugares? Eles não as comem mesmo? Por que são tão sagradas? )
Eu li esses dias que seriam tão sagradas porque a vaca é o último animal que somos no ciclo de reencarnações antes de nos tornarmos humanos. Mas na minha opinião, a vaca é muito sagrada porque a alimentação indiana é muito baseada no leite (maior fonte de proteína já que muitos são vegetarianos).

Estrangeiros.
(Os indianos gostam de estrangeiros? Como são tratados lá?)

Herança do tempo de colônia inglesa, os indianos aprenderam a reverenciar o branco. Hoje isso se reflete na população que ânsia por ser mais branca (produtos para clarear a pele é o que mais vende lá) e também que consideram o estrangeiro branco “superior”.
Mas um pouco desse deslumbre por estrangeiros é que na Índia não é tão comum gente de fora como aqui... nós nascemos em meio de italianos, alemães... enquanto a milhares de anos a composição população indiana seja. Outra coisa, com a fisionomia muito diferente, é fácil reconhecer um estrangeiro. Juntando tudo, a reação da maioria quando vêem um é quase como seria a nossa ao ver um ET: muita curiosidade.
Tratados? Muito bem! Além dos fatores que expliquei acima, os indianos sempre tratam bem um hospede, com muita comida, muito conforto.

Nenhum comentário: