sábado, 28 de fevereiro de 2009
Delhi!!!
Esqueci de contar, mas agora estou rumo a uma viagem ao Norte da India... entao sem post tao frequentes mas na volta com muuuuitas novidades!
Minha companheira de viagem, claro, he a Salma, mas estaremos encontrando outros 10 pra seguir viagem. Mais detalhes nos proximos posts!!!
E quanto a Slumdog e os 8 oscars... eu fiquei muito contente, mas a reacao aqui na India nao foi muito grande... primeiro porque o sucesso foi mais internacional do que nacional; so elite se interessou pelo filme... Dos 8 oscars, os dois mais comemorados foram os para o musico Rahman... que eh um musico de Chenai e os indianos se identificam mais...
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Dharavi: uma mini India
Se estimar o numero de habitantes em Mumbai ja eh uma tarefa ardua, imaginem estimar o numeros de habitantes em Dharavi... dizem algo entre meio e um milhao. Pra ter uma ideia da quantidade de gente que vive la, nos 223 hectares no coracao de Mumbai, vamos fazer uma estimativa: supondo que 700 mil pessoas vivam la, isso implica numa densidade demografica de 315 mil pessoas por kilometro quadrado. So pra comparar, Sao Paulo sao 142 habitantes por kilometro quadrado...
Mas o que impressiona em Dharavi, nao eh so o numero de pessoas que vivem la. E o “mundo” que vive la: usinas de reciclagem de plastico, curtumes de couro, fabricas de ceramica, padarias, escolas, mercados... uma economia que gera 650 milhoes de dolares por ano e que da emprego a grande parte dos habitantes de la. Alem disso, reunindo migrantes de todas as partes do pais, Dharavi eh como uma mini India, com uma amostra de cada parte do subcontinente, onde muculmanos, hindus, sikhs, cristaos vivem "sob o mesmo teto".
Nossa visita comecou pela zona “industrial”, onde vimos as usinas de reciclagem de plastico. Homens catam lixo pela cidade inteira e chegam ate Dharavi. La o trabalho comeca: separa-se nos diferentes tipos, limpa, pica e finalmente derrete e transforma em pellets novamente. Latas de tinta sao tambem renovadas la, latinhas e outros artefatos de aluminio viram outra vez materia prima nas metalurgicas de Dharavi. Impressionante ver tudo isso acontecendo ... claro que sem a menor estrutura, sem equipamentos de protecao individual, sem nada... Mas segundo o nosso guia, “ai deles de reclamar”, porque ai os donos das fabricas fecham os estabelecimentos e eles ficam sem emprego.
A minha parte favorita da visita foi a zona residencial... ruelas minimas onde dificilmente duas pessoas podem passar ao mesmo tempo... sao tantos casebres, um em cima do outro, utilizando cada centimetro disponivel que impedem ate a luz do sol de chegar ao chao... andando por la, pareciamos estar passeando a noite, enquanto “la fora” eram 3 da tarde... Ao passar pelas ruelas, podiamos espiar o que passava por dentro das “casas”: quartos de 20 metros quadrados, ou seja, tao grandes quanto o quarto que a maioria de nos tem em casa so pra gente, onde familias inteiras dividem o mesmo espaco para cozinhar, dormir, tomar banho, lavar o roupa... (quando eu falo em familias inteiras deve-se entender no estilo indiano: pai mae filhos, noras, netos...)
Ate mesmo la dava pra ver a diferenca entre um casebre e outro: uns com mais espaco, com proprias portas e outros so com uma cortininha... geralmente as estruturas tinham dois andares, entao dava pra ver as minimas escadinhas dando acesso aos quarto do andar de cima. Foi uma experiencia e tanto espiar e imaginar o mundo dessas pessoas... Um mundo onde privacidade nao existe; onde ate pra ir pro banheiro tem que enfrentar fila (a maioria dos casebres nao tem banheiro... as pessoas usam banheiros publicos), onde as ruelas e os drenos sao a mesma coisa e onde a luz do sol nao chega...
Mas a lembranca que Dharavi deixou em mim sao as pessoas... Ja tinhamos comentado, eu e a Salma, que os indianos mais queridos, mais especiais sao os indianos mais simples... Longe daqueles mais ricos, que so pensam em “Business, business” e em cada rupia e tambem longe dos irritantes mendigos e pedintes: os indianos que me comovem e me conquistaram aqui sao os simples, os vendedores de legumes, os costureiros, os donos de mercadinhos, os trabalhadores em fabricas... e os habitantes de Dharavi. Nao faltaram sorrisos na nossa visita, a gente passava e um mundo de sorrisos se estendia ... em plenas condicoes deploraveis que eles estavam, catando plastico na mesma posicao por horas e horas mas bastou nos ver (estrangeiros, ou seja, com certeza pessoas de fora de Dharavi) que de alguma maneira eles mostravam a sua hospitalidade.
As criancas nos estendiam a mao: queriam cumprimentar a gente!!!! Sem contar os milhares de “Hi!” que recebemos delas. Uma menina chegou perto de mim e queria conversar... Coisa mais linda. A familia dela estava junto e todos quiseram se apresentar pra mim. Outras ja sabiam algumas frases em ingles e ate perguntavam o nosso nome. Uma perguntou pra Salma: “What is your name? What is the name of your father?”
Infelizmente, nao nos permitiram tirar fotos durante o tour. O guia disse que as pessoas achavam que a gente vinha pra tirar fotos e depois rir da cara deles. Nao concordo que eles, os indianos, pensem isso... foi uma pena nao poder gravar alguns daqueles sorrisos... tenho certeza que aquela menina que se aproximou de mim e ficou por minutos andando de maos dadas comigo teria adorado tirar uma foto. Mas nao deu. Entao as imagens de Dharavi vou deixar pra profissionais, que diga-se de passagem, fizeram um trabalho maravilhoso.
To check:
National Geographic
Tem muito mais o que escrever neste post… mas vou ficar por aqui so pra deixar voces curiosos… agora tem uma grande discussao a tona porque ha planos do governo de reurbanizar essa regiao… e esse tema tem pano pra manga... ate mesmos os proprios moradores nao se definem; porque ao mesmo tempo que eles querem condicoes melhores, eles tambem nao querem perder empregos, o que provavelmente vai acontecer com a nova Dharavi...
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Bollywood behind the scenes
Bollywood, Dharavi e Valentine's
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
A busca do Saree perfeito
Motivada pela economia e tambem pelos diferentes modelos que pode encontrar aqui, a Salma nao para de procurar sarees e lenghas. E claro que nao usam exatamente os mesmos trajes la, mas com a ajuda de um costureiro de la, um saree daqui pode virar um vestido e tanto na Tunisia. Resumindo a novela, a senhorita Salma quer comprar um mundo de sarees e lenghas aqui... tanto pra ir em casamentos quanto pro casamento dela. O mais engracado eh que quando chegamos nas lojas pedindo por trajes para noivas, todos ficam muito curiosos sobre pra saber do noivo. Mas o noivo ainda nao existe!!! Hihihih
Claro que pra mim eh o maior prazer acompanha-la nas compras. Eu sei que nao devo comprar mais saree, afinal, a minha estadia na India nao eh eterna e assim que voltar pro Brasil nao terei mais onde usa-los (torco pra que com a novela a moda do saree pegue!!!)... Mas fica dificil so acompanhar e nao desejar nenhum... agora eu brinco que tambem estou buscando um saree, um pra ir no casamento da Salma (ai tem que ser com bordados e ainda nao tenho nenhum saree neste estilo).
E os precos desses sarees sao bem mais salgadinhos... quanto mais bordado, quanto mais fino o tecido, mais o preco sobe... e se tem design, nossa, o preco nao sobe, voa. Esses dias caimos numa loja de “designers” e falaram na maior naturalidade que um lengha bordado custava 2,5 lakhs, que eh 5000 dolares. Baratinho, nao?
Essas fotos sao pra ilustrar algumas perolas que encontramos por ai... estou tao louca pra comprar um que ate ja estou pensando em arriscar a usar um saree num casamento no Brasil... o que voces acham? O marronzinho da foto da, nao da?
Vamos contar!
Quantos rikshaws aparecem nesta foto?
(com essa foto da pra ter uma ideia do mar de rikshaw que sao os suburbios de Mumbai, nao?)
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Quantos lehngas tem nessa foto ?
Essa eh uma tipica loja indiana, onde o chao eh uma especie de colchao e a gente tem que tirar os sapatos pra entrar. Ai todos os vestidos sao mostrados no chao.
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Quanto sacos ou quilos este taxi esta levando?
Comum ver essa cena aqui... eh saco, pacote, etc pra tudo que eh lado... e pode ser em trem, em taxi ou ate a pe mesmo!
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Quantas pessoas aparecem na foto dentro do vagao do trem?
Da pra ver a Salma expremida ai? Este dia pegamos o compartimento misto porque o Saumitra, amigo indiano, estava com a gente. Na hora da Salma descer em Santa Cruz, nao me aguentei... tive que tirar a foto!!! E acreditem, em Goregaon, 4 paradas depois estava ainda muito mais lotado!
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Women in white
A Salma tem um perfil bem parecido com o meu, engenheira; 20 e poucos anos; bem viajada; ta fazendo um intercambio pela AIESEC porque queria ter mais experiencia na area de administracao e fugir um pouco da tecnica logo depois de se formar; eh extrovertida; engracada; etc, etc. A principal diferenca eh que a moca eh da Tunisia, pais muculmano no norte de Africa (mas com um islamismo bem liberal, onde uma epoca chegou a ser proibido cobrir o cabelo ou usar burca).
Conheci a Salma na minha viagem a Goa, em outubro, onde conversamos um pouquinho ela me falou da HaraBara, empresa que trabalhava. Depois, foram questao de 10 dias pra eu contata-la e pedir mais informacao sobre a empresa, ja que andava bem insatisfeita com o meu primeiro trabalho. E foi questao de mais uns dias e la estava eu na HaraBara (harabara em hindi significa “full of green” e tem esse nome porque a empresa atua na area ambiental).
Bom, ai o nosso perfil que ja era parecido, ficou quase igual: 20 e poucos, engenheiras, vivendo em Mumbai e trabalhando na HaraBara!
Alem disso, trabalhamos juntas em alguns eventos (esses de trabalhar como hostess, so pra ficar de pe, sorrindo e dizendo bem-vindos ou oferecendo drinks) o que torna os eventos muito mais divertidos. Agora a ultima empreitada da dupla foi ir a um desses “Speed Dating”, esses encontros que se ve em filmes americanos onde homens e mulheres solteiros vao pra se conhecer e quem sabe encontrar alguem interessante. O evento foi divulgado dentro da comunidade dos expatriados de Mumbai, que eh cheia de caras interessantes, bonitos e com bons salarios e flats. ;) Ai a gente pensou: porque nao?
Chegamos no evento e eramos de longe as mais novinhas... Era obvio que os bonitos e interessantes nao precisam de eventos desses pra conhecer ninguem, ne? Mas a dupla perfeita nao tinha se dado conta disso antes... argh! O time dos homens estava horrivel, so tinha uns tiozinhos e uns mais novos mais estranhos... que perda de tempo!!! E cansei “gastando o meu latim”! hihihih Ficavamos 3 minutos conversando com cada pessoa... E nos tres minutos sempre a ladainha: nome eh cora, brasil, estou aqui em intercambio, bla bla bla e trimmmm!! Tocava o sino! Algumas vezes sentia um alivio quando o sino tocava... e isso se repetiu por 22 vezes!!! Imaginem, me apresentei 22 vezes!!! Argh!
A Salma se deu um pouco melhor, porque como estava depois de mim, ela so dizia, “tudo que a Cora falou eh igual pra mim a unica diferenca eh que sou da Tunisia” e poupova os 3 minutos que eu fiquei falando. A moca ate conseguiu uns cartoes, mas tudo na area de business... ficava falando da HaraBara, queria empresas pra fazer parceria com a empresa e talz... nada mal, a moca esta bem encaminhada nos negocios!!!
Train Experience Again
Geralmente, a primeira experiencia de sair de trens lotados eh tida com um indiano amigo, ai a gente tem uma ideia de como funciona. Mas pra coitadinha da Salma, ela teve que enfrentar sozinha. Me perguntou: “Cora, como eu vou sair daqui?” E eu “Vai cutucando e perguntando pras pessoas se elas vao descer em Andheri. Bem simples, so fala “Andheri? Andheri?” “. Ela foi. O trem nem tinha parado ainda e ela ja estava pedindo socorro: “Cora!” (ah, esqueci de explicar, estavamos viajando sentadas enquanto o trem ia enchendo, enchendo, enchendo).
Eu nao conseguia parar de rir. Chega a ser engracado ver alguem passando por essa situacao... hihih quando o trem finalmente parou foi aquela avalanche... e ai , antes mesmo de todas (sim, estavamos num compartimento feminino) sairem as que querem embarcar ja comecam a empurrar pra dentro e a Salma que era uma das ultimas a descer, teve que enfrentar a mare contraria tambem. Ai quando ela finalmente saiu sa e salva da aventura, veio falar comigo na janela: “Meu Deus, que isso, que isso, (meio rindo, meio ofegante)... Tem que escrever no blog!!!“ hihihih Sim, claro, eh aqui estou eu.
E realmente, fui checar no post antigo e vi que nao tinha escrito exatamente sobre isso: como sair do trem quando esta lotado... eh horrivel, tem que ficar se expremendo e perguntando pra pessoa da frente se ela vai descer nessa estacao. Se nao, tem que de alguma maneira trocar de lugar com essa pessoa. Ai quando o trem para ... parece uma boiada descendo... impressionante, parece um bando de animais e nao gente... hihihi ai ainda tem as que querem entrar, as que param na tua frente ao descer do trem (ao inves de sair do trem e depois sair do caminho!!), enfim, um desafio e tanto para uma pessoa normal mas ja uma rotina para milhares de indianos...
No compartimento misto, of course, eh muito pior. Ficar se esfregando em homens de todos os tipos, eu hein? Se eu estou em compartimentos mistos eh sempre porque tenho um amigo homem me acompanhando que na saida fica atras de mim pra me proteger e ajudar a empurrar pra fora. Em compensacao, embora o compartimento misto seja mais lotado, tenho a impressao de que os homens sao bem menos agressivos que as mulheres. No compartimento feminino, seguido se escuta brigas entre elas, reclamando que uma puxou o cabelo da outra e etc.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Poluicao para todos os 5 sentidos
Bom, aqui o efeito da poluicao eh CLARO. Nao so pelo lixo que se ve jogado nas ruas ou pela barulho interminavel que se escuta na cidade, mas tambem pela linha do horizonte que as vezes nao se ve devido ao intenso fog (nevoa de poluicao). Lendo um guia Lonely Planet (Editado em 1999), descobri que um estudo realizado pela Organizacao Mundial da Saude colocou Mumbai entre uma das 15 cidades mais poluidas do mundo. Sei que esse dado ja esta desatualizado, com mais de 10 anos, mas se naquela epoca o estudo ja apontava que respirar o ar de Mumbai equivalia a fumar 2 macos de cigarro por dia, devido a teores de dioxido de enxofre, nitrito e particulas suspensas; nao quero nem imaginar quantos “cigarros” eu deva estar fumando hoje.
O efeito desse ar eh visivel em tudo: nos moveis que ficam bem empoeirados com menos de uma semana sem limpar, na secrecao do nariz que sai preta e nao amarelinha, nos olhos dos usarios de lentes que secam mais. Por incrivel que pareca, mesmo sendo menor, Nova Delhi eh uma cidade ainda mais poluida!!! La ate as arvores sao marrons ja que as particulas suspensas chegam a se depositar nas folhas.
Segundo a mesma pesquisa, dois tercos dessa poluicao vem da emissao de veiculos enquanto o resto vem de industrias mal regulamentadas e incineracao de lixo. Quanto a poluicao pelos veiculos aqui, nao eh de se impressionar, com veiculos antigos, catalisadores raros (que sao usados nos carros pra reagir alguns poluentes em substancias menos nocivas) e combustiveis ruins, gerando uma queima incompleta cheia de fuligem e monoxido de carbono.
Tambem ha a poluicao ambiente, ou nao sei como melhor posso chamar a poluicao das ruas, com lixo, fezes e sei la mais o que espalhado pela cidade. Encontrar “lixoes” a ceu aberto aqui eh uma atividade simples, pode ser desde pequenos ate grandes, desde em bairros pobres ate ricos. O senso de limpeza da rua, de nao jogar lixo no chao eh algo quase inexistente aqui. Ate amigos meus (ou seja, de nivel) jogam lixo no chao sem perceber. Os milhoes de indianos que frequentam os trens por dia tambem fazem questao de deixar a sua pegada: o proprio trem eh cheio de lixo embaixo dos bancos. Nao preciso nem comentar nos trilhos do trem, que com favelas proximas juntam muuuuuita “materia organica” ja que sao milhares os indianos que usam o caminho do trem (nao exatamente os trilhos, mas a borda) como banheiro todas as manhas – parece mentira mas da pra ver ao do trem de manha muitos e muitos virem com a maior naturalidade e fazerem o seu “numero dois” ai mesmo, com plateia atras, favela, e na frente, trens.
E nao para por ai... ninguem pensou no esgoto? Claro que muito do insuficiente sistema de esgoto eh descartado diretamente no mar, sem nenhum tratamento. Esses dias ouvi uma historia que nao consegui acreditar: duas irlandesas foram pra praia, Chowpatty Beach (sul de Mumbai, mas nao muito diferente das fotos de Juhu beach que ja postei), achando que era praia “praia”. Ai entraram no maaaaaaaaaaaaaar!!! Na mesma hora apareceram “pontinhas” marrons pelo corpo delas... ecaaaaaaaaaaa!!! Bom, nem quis saber do resto...