sábado, 28 de março de 2009

The best in Thailand

Toda viagem reserva os seus melhores... entao la vamos nos, Tailandia!
(pics once back in Mumbai)

Melhor banho de mar: Pulando do barco, agua azul turquesa, cenario de rochas e montanhas verdes em Ko Phi Phi Leh.

Melhor drink: Mai Tai, na beira da piscina de um resort em Lamai, Ko Samui. Com uma vista divina para a praia, aproveitamos todas as regalias de ser hospedes mesmo sem ser. ;)

Melhor compra: Sapato em MBK, em Bangkok. Com apenas 300 Bhat (9 dolares) tenho um sapato que valeria no minimo 100 reais no Brasil. ;)

Melhor Hotel: Kata View Hotel, em Phuket. Com apenas 250 Bhat cada uma, direito a AC, toalha branquinha e cama macia. Ah! A apenas 5 minutos da praia. ;)

Melhor companhia: (sem contar a Salma e a Imene, companheiras de viagem, claro!) Etienne, frances que estava viajando a mais de mes pela Tailandia. Alem do passeio de barco que fizemos todos juntos em Phi Phi, mais tarde, a companhia dele nos rendeu longas conversas...

Melhor noite: com direito a Muay Thai de amadores - o bar oferecia drinks pra quem se aventurasse a lutar - e festa na beira da praia, em Ko Phi Phi, na companhia de mais franceses (so atraimos franceses, impressionante! A Imene eh de Paris e nao sei como eles ja chegam conversando com ela em frances!)

Melhor comida: ABACAXI!!!! Geladinho e doce... hum!! Ah, o mais doce e mais gelado foi em Bangkok. ;)

Melhor historia: a praia que "desapareceu", quando a mare baixou e nos deixou sem mar numa das praias da Ilha de Ko Phi Phi. Muito engracado, estavamos na agua, conversando, e quando levantei, opssss, cada a agua? E ficamos la, sem mar, so com pedras, ate o nosso barco voltar pra nos pegar (a praia so era acessivel por mar)... Mostrarei fotos!

Melhor viagem: de barco entre Surat Thani e Ko Samui. Meu primero sol com uma vista paradisiaca...

Melhor expressao: discount. Palavra que usamos aqui pra baixar o preco; o ato de barganhar na Tailandia eh muito diferente do que na India... aqui tem que ser mais calma e insistir no "Discouuunt" ( extendendo o final das palavras, como os Thais falam ingles. ah! com som nasal tambem).

Melhor acordo: "1 Stop and 0 Bhat" com um motorista de Tuk Tuk (Rikshaw da Tailandia) em Bangkok. La eles ganham cupons de gasolina de lojas pra trazer turistas e seguido aceitavamos parar em lojas e fingir que queremos comprar so pra ganhar a corrida de graca. ;)

Tailandia: a terra dos abacaxis

Por favor, nao interpretem mal o titulo; nao quis dizer que a Tailandia eh cheia de problemas. Escrevi "a terra dos abacaxis" no sentido literal mesmo, ja que desde que cheguei aqui nao parei de comer doces abacaxis que encontramos pra vender em pedacinhos e bem gelados por todos os cantos do pais. ;)
E os abacaxis, ou melhor, deliciosas frutas tropicais, como melancia, banana, mamao, melao, foram apenas uma das surpresas que a Tailandia nos reservou nesses 10 dias de viagem.
Deixamos Mumbai dia 19, quinta feira, de madrugada e aterrisamos em Bangkok. A Capital da Tailandia nos deixou chocadas, ja que todas nos esperavamos uma outra Mumbai: como capital de um pais asiatico subdesenvolvido e tambem somando alguns comentarios que ouvimos ( de indianos). Mas Bangkok nos revelou ser uma cidade moderna, organizadissima, limpa, com ruas amplas, transito correto, arquitetura moderna e templos e monumentos bem mantidos.
Foi impressionante conhecer o Grand Palace, Palacio construido quando a capital foi transferida a Bangkok, por volta de 1700 (nao lembro a data exata): so pelos jardins, extremamente cuidados, bonitos, a visita ja valeria a pena. Mas a arquitetura impressiona muito mais, assim como as pinturas, as estatuas de Buda. Dificil imaginar algo assim na India. ;)
Os cidadoes de Bangkok tambem sao extremamente civilizados: a cidade eh limpissima; ate mesmo vendedores de comida na rua tem consciencia de colocar o "lixo no lixo" e as poucas vezes que eu mantia algum lixo na mao (tipo uma garrafa vazia) prontamente um "Thai" me oferecia uma lixeira por perto. Pra quem ve o "Skytrain" e os taxis coloridos (rosa, azul, verdes e laranjas) tambem sai impressionado com a praticidade da cidade.
Mas para shopaholics como nos, foram os "malls" de Bangkok que nos encantaram. ;) Siam Square eh um bairro cheio de lojas e cafes, tao moderno que chega a ter teloes na rua e auto falantes, que dao uma trilha sonora aos milhares de consumistas que caminham por ali. MBK, o mall mais famoso para os turistas, repleto de imitacoes de Prada, Channel, Tiffany & Co, Ray Ban nos deixou loucas. Nao resisti e comprei 5 pares de sapatos, cada um por volta de 250 Baht ( 7 dolares).
Da capital, antes mesmo de eu pensar no estresse que seria chegar em Ko Samui, uma ilha na costa leste, - baseada nas minhas experiencias na India - ja estava la. Aqui o pais eh tao preparado para o turismo que ate mesmo um longo trajeto de hotel a estacao, estacao a porto, porto a hotel eh feito num piscar de olhos, com ajuda das agencias de turismo que tem todos os pacotes prontos. Sem contar as estradas e a maneira de dirigir... A viagem foi tao leve entre Bangkok e Surat Thani que pude ler, dormir, relaxar no nosso confortavel e colorido onibus. (Mais uma vez comparando com a India: impossivel nao morrer saculejando dentro dos onibus... as estradas pessimas e o mau habito na direcao dos indianos nao permite ;) ).
As areias brancas, a agua verde azul, as rochas, o verde das florestas e claro, a impressionante vida aquatica por volta do arquipelago de Ko Phi Phi ( as ilhas Phi Phi Don e Phi Phi Leh) tambem sao lembrancas que vou guardar deste pais. A nossa ida a famosa ilha de Ko Phi Phi ja teria valido a pena so pelos minutinhos que passamos na famosa Maya Bay - praia cenario do filme "The Beach" com Leonardo Di Caprio - mas claro que chegando ate la tivemos muito mais. Os mergulhos com snorkell foram fantasticos, onde vimos uma intensa vida aquatica, com corais, peixes coloridos, conchas, moluscos. Os banhos de mar, inesqueciveis, em aguas profundas, com um cenario de rochas e florestas, ao pular do barco em que fizemos um tour. Tambem nao posso esquecer das festas, festas com pessoas de todas as nacionalidades na beira a praia... E, finalmente, foi onde comemos "proper Thai food" por um preco justissimo, onde o nosso cozinheiro nao poupou na pimenta. ;)
Hoje escrevo de Phuket e ja me despido do pais porque amanha partimos. A Tailandia vai deixar saudades, mas nao posso terminar o post sem mostrar o lado negativo do pais... O excesso de turistas descaracteriza um pouco o pais... atraidos pelo sol, praias bonitas e preco baixo (para padroes europeus) a Tailandia eh cheia de franceses, ingleses, italianos, israelenses... E com eles vem Mc Donalds, Starbucks e outras redes que as vezes estao presentes em ate pequenas prais. Tambem acho que acentuado pelo numero de homens que vem pra ca buscando isso, a prostituicao eh demais aqui: em Ko Samui nao tivemos chance pra conhecer ninguem, ja que pra cada homem tinha quase 5 prostitutas em volta... Com os turistas os precos tambem sobem, sobem (lembrem-se, sai da India!) E com tudo isso fica dificil de descobrir a real Tailandia, de entender a cultura, de comer a comida tipica, de conversar com os locais... Onde foi parar a cultura Thai?
Mas pontos negativos a parte, a viagem valeu a pena, a agua verde azul e os sorrisos dos Tailandeses vao ficar na minha memoria e agora parto satisfeita para mais uma aventura na Malasia!!!

quarta-feira, 18 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

Chegando em casa

Foi com um “abraco” quente e muito umido que Mumbai me recebeu este domingo, depois de 20 dias viajando pelo pais. Ja tinha esquecido como era sentir calor... e suar! Estava tao acostumada ao clima frio e seco que encontramos perto dos Himalaias, em colocar blusas e mais blusas pra tentar se proteger do frio, em me enrolar no meu chale, de tomar muito cafe e cha quente, que a chegada em Mumbai me surpreendeu. Foram tantas as “emocoes” que senti: triste por deixar a Caxemira e as boas lembrancas, feliz por reencontrar meus queridos amigos, por voltar pra “casa” e finalmente ter roupas limpas e motivada para a nova aventura que nos espera a partir de quinta, com a viagem para o Sudeste da Asia.

Alem disso, eu e a Salma tivemos fortes lembrancas do primeiro dia que chegamos na India... as duas lembraram das boas vindas de Mumbai meses atras. Muito engracado, mas depois de tanto tempo fora, Mumbai se revelou nova para nos.
Mas voltando a grande expedicao do Norte, posso dizer que da mesma maneira que essa viagem deve ter sido uma surpresa para os leitores do blog, que de uma rotina agitada em Mumbai de repente eu apareco em Delhi, Jaipur, Himachal Pradesh e Caxemira, devo confessar que essa viagem foi uma surpresa pra mim tambem.
Pra explicar, vem aqui uma boa e uma ma noticia. A ma noticia eh que o meu intercambio oficialmente acabou e agora os dias ja estao voando para a minha volta ao Brasil. A boa noticia eh que a passagem so esta marcada para o dia 30 de abril e que ate la muitas aventuras vem por ai e , claro, muito conteudo pro blog. ;)

Bom, foi terminando o estagio na HaraBara que a ideia de ir para o Norte surgiu. Eu na verdade estava planejando ir pra Singapura, encontrar alguns amigos dos meus pais que moram la e me aventurar por ali. Foi quando a Salma apareceu e disse que queria fazer parte da viagem... dias depois ela descobriu que um grupo de trainees estava planejando uma viagem ao Norte da India, com direito a famosa porem conflituosa Caxemira e ela ficou morrendo de vontade de ir. De alguma maneira ela me convenceu (o que devo confessar que nao foi muito dificil) e dias depois ja estavamos voando para Delhi.

E nao fomos as unicas a se interessar... alem dos colombianos que foram os pioneiros, varios outros trainees quiseram fazer parte da expedicao ao norte. No fim, eramos tres grupos viajando paralelamente, nas mesmas cidades e se encontrando de vez em quando:
- os cinco colombianos e uma argentina;
- dois brasileiros, Marcela e Lucas, uma colombiana, Juliana, e uma hungara, Gabriella;
- dois tunisianos, Salma e Hamza, um chines, Coffey, e yo ;)

Observacao: Os dois ultimos grupos se "fundiram" e chegamos em Srinagar em 8! ;)
A aventura comecou em Jaipur - falando da expedicao rumo ao norte, sem contar os diazinhos em Delhi e Jaipur - , pra mim e para a Salma, com a incrivel jornada de trem que tivemos que enfrentar, como escrevi num post, semanas atras. Depois, com o Coffey (Ka Fei, seu nome em chines), seguimos a Shimla, capital do estado do norte de Himachal Pradesh, que nos revelou como uma outra India: a cidade eh um volta de montanhas, limpa, organizada...
De Shimla em diante, ja nao era mais possivel seguir viajando de trem... Bem vinda aos saculejos nos onibus! Se em estradas retas a gente ja saculeja pela maneira como os indianos dirigem, acelerando e freiando o tempo todo, imaginem como foi a experiencia de viajar entre curvas... argh! Mil vezes trem lotado! Hihihih
E entao atingimos Manali, um resort indiano conhecido pelos seus esportes radicais, suas montanhas e os milhares de casais indianos que vao la passar a sua lua de mel (eh facil de reconhecer mulheres em lua de mel porque alem da Henna que segue nas maos e pes, elas usam umas pulseiras diferentes).

De Manali, um taxi (que luxo! Mas nao pensem que nao saculejei... afinal, o motorista era indiano!)para Dharamsala e McLeod Ganj, a casa do Dalai Lama como escrevi no ultimo post.

E eh claro que o melhor a gente sempre deixa para o final e foi por isso que chegamos em Srinagar, capital da Caxemira, por ultimo. ;) Alem da regiao ser extremamente linda, o fato de estar em uma zona conflituosa, de poder conversar direto com as pessoas de la para tentar entender a situacao, foi uma experiencia e tanto.

Portanto, aguardem pra ver os “souvenirs” da viagem... ja ja posto fotos e mais sobre tudo que aconteceu nesta inesquecivel expedicao. ;)

terça-feira, 10 de março de 2009

Um pulinho no Tibete

Antes que se assustem com o titulo do post, ja vou adiantando que nao cheguei a cruzar a fronteira. O ar tibetano de McLeod Ganj, com monges andando pelas ruas, banderinhas amarelas, azuis, brancas e vermelhas e seus templos budistas, eh o responsavel pela inspiracao do titulo. Junto com Dharamsala, esta regiao eh conhecida por ser a casa do Dalai Lama e tambem do governo tibetano em exilio, desde 1959 com a invasao chinesa.
Nas ruas as vezes eh dificil acreditar que ainda estamos na India... Os refugiados fizeram de tudo para se sentir em casa: a oferta de produtos eh diferente, cheia de artesanato do Tibete, com pinturas tangka (estilo de pintura tibetano, com temas como divindades budistas ou mandalas), vestidos de seda, prata, etc. A comida, claro, tambem mostra a raiz deste povo: em cardapios encontramos diferentes tipos de noodles (massa tipo chinesa/japonesa, que no Brasil comemos no estilo yakshoba), sopas e deliciosos momos, bolinho feito de massa com recheio vegetariano ou de carne, cozinho no vapor. Depois, a quantidade de olhinhos puxados que vemos esconde os poucos indianos que moram aqui. Alem do que, desde o comeco da nossa expedicao para o norte, tenho notado a diferenca na fisionomia dos indianos aqui... Sao muito diferentes dos indianos de Mumbai e ainda muuuuito mais que os indianos do sul: pele mais branca, olhos mais puxados, estatura menor. Outra observacao: os tibetanos sao bem mais timidos se comparados aos indianos, o que tambem muda a nossa experiencia na cidade, olhares timidos ao inves de vendedores insistentes. ;)
Os templos budistas sao incriveis, com suas combinacoes de cores, com suas paredes pintadas e estatutas detalhadas de divindades e de Buda, com a superficie dourada. Impressionante como a combinacao de cores eh muito mais harmonioza que nos templos hindus. Outra parte interessante do templo, sao as "rodas de oracao" ( nao sei se descrevi de maneira correta... pesquizarei e confirmo com voces), que tem o poder de equivaler um simples mantra "Om padme mani hum" por todos os que estao descritos na roda, se o budista passar pelas rodas girando-as e "chanting" este mantra.
Tudo isso ja valeria a nossa passagem por aqui... Mas o ponto alto da nossa viagem foi fazer parte de uma cerimonia com o Dalai Lama! Uma funcao religiosa, que pelo que entendi encerra um periodo de oracoes e tambem serve pra abencoar o governo do Tibete, aconteceu ontem. Chegamos cedo de manha no templo e a cerimonia seguiu por horas. Dalai Lama estava la, no altar, apenas um pouco a frente da estatua de Buda. A parte que vimos foram as oracoes... Monges "chanting" por horas e horas. Depois alguns presentes foram oferecidos ao Dalai Lama. Comida foi oferecida a todos as pessoas presentes, que alem de monges compreendiam em familias tibetanas e alguns estrangeiros, como nos.
Claro que foi uma emocao e tanto ver uma entidade tao de perto... Dalai Lama, grande simbolo da paz no Ocidente, estava la, na nossa frente...
Por muita coincidencia, chegamos aqui na epoca em que Tibete esta completando 50 anos de luta pela independencia. Desde Marco de 1959 muitos foram os capitulos entre a China e o Tibete. Hoje, dia 10, houve outra cerimonia e tambem um protesto para um Free Tibet. E muito interessante fazer parte de isso tudo, parte da historia. ;)
Esqueci de lembra-los mais um interessante detalhe: Coffey, nosso companheiro de viagem, eh chines... Imaginem, andar com um chines por aqui, onde tudo aqui eh contra a China... ate o coitadinho ficava meio assim em falar a verdade a respeito da sua origem. Disse que se usar uma camiseta Free Tibet na China, nao tem vez pra ele... Brincando com isso, tiramos muitas fotos dele com a bandeira, chegando perto e talz e amecamos colocar na internet... hihihih
Hoje a noite partimos para Jammu e de la para a famosa Srinagar... Bye Bye Tibete, foi bom mas ja eh hora de partir. ;)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Train experience de verdade

Nao sei o que tanto me emocionava em contar as minhas aventuras pelos trens locais de Mumbai... aventura mesmo foi ontem, quando pela primeira vez entrei num trem regional com o objetivo de chegar a delhi desde jaipur.
Estava tranquila porque estava com a Salma e ela ja viajou bastante de trem por aqui. Achei estranho que o nosso ticket indicava um total de 300 rupias para as duas passagens, enquanto o onibus que tomamos pra fazer o mesmo trajeto tinha nos custado 400 rupias para cada uma. O primeiro desafio foi descobrir a plataforma, que depois de perguntar pra meia duzia de pessoas, descobrimos que era a numero 1.
Ai pelo local onde estavamos esperando o trem, ja deu pra notar quem seriam nossos companheiros de viagem e tambem a classe que era o nosso ticket: comprado por um amigo em Mumbai e de certo por algum motivo, o menino nos colocou na classe sleeper que so eh apenas uma classe superior da pior... ( e tem mais tres classes acima ate a primeira).
Ai logo em seguida, claro que atrasado em relacao ao horario escrito no bilhete, parou um trem e pessoas comecaram a sair e entrar naquele mesmo tumulto dos trens locais de Mumbai, mas dessa vez com bagagens. De alguma maneira, tambem entramos num vagao e ai foi a sorte que a Salma perguntou pra alguem e descobrimos que o trem ia pra Assam, que o de Delhi viria depois, estava ainda mais atrasado.
Depois desse estressezinho basico, notamos que nao tinha nenhum assento indicado no bilhete... ao falar com alguns cobradores que estavam na plataforma, conseguimos assentos marcados a caneta no bilhete... Nao deu pra acreditar muito...
O trem de Assam partiu e mais calmas e orientadas, resolvemos comprar um cafe. Foi no momento que tinhamos os dois cafes na mao que o trem de Delhi chegou. Ai correria basica, claro, tentar descobrir o nosso vagao. Todos abarrotados de gente... o assento que estava marcado a caneta nem encontramos, mas vimos o vagao que estava abarrotado... ai volta pro final do trem ate que pela janela vi alguns lugares livres e resolvemos sentar ai mesmo. Metade da correria entre vagoes eu ainda estava segurando os cafes na mao, mas chegou um moment que nao deu mais e joguei os dois fora...
Nos exprememos neste lugar que encontramos e conversamos com os indianos que estavam sentados ali. Eles foram bem prestativos e disseram pra gente esperar o controlador. Eram dois casais e um outro homem, que se apertaram pra ceder lugar pra gente.
Ai, como se nao bastasse, pra pulsar ainda mais adrenalina na minha corrente sanguinea, a querida Salma que nao parava de me xingar porque eu tinha jogado os cafes fora, perguntou para os nossos amigos quanto tempo tinha ate o trem partir... Eu nem esperei escutar "10 min" de um e "30 min" de outro, pra saber que nao dava pra confiar e o melhor era ficar no trem sem cafe mesmo. Mas a mocinha foi mesmo assim. E nem se passaram 2 minutos o trem comecou a andar...
Que desespero... ai pensei "pronto, o que faltava, eu com 3 malas dela mais duas minhas e ainda tendo que encontra-la sem dinheiro, sem passagem e sem celular... " e parece que nao fui a unica e me preocupar, porque todos os indianos a minha volta tambem pareceram tensos - impressionante como esses indianos, de classe media baixa, sao solidarios com a gente...
Mas ai a mocinha apareceu, rindo, porque imaginava a cara que eu estaria... Por sorte, ela percebeu a tempo e correu pro trem! ;)
Nesse momento, trem partido, sentada e com a Salma do meu lado, meu corpo continuava estressado... Nao conseguia relaxar depois de tantas emocoes em pouco tempo! E pra piorar, ficava nervosa em cada estacao, esperando alguem vir e dizer que aquele lugar nao era nosso.
Mas, mais uma vez: estamos na Incredible India e aqui tanto experiencias ruins quanto surpresas agradaveis sao possiveis... E os indianos a nossa volta tomaram mais que cuidado da gente: com o controlador de trem, explicaram que a gente tinha que ficar ali, porque no outro vagao nao tinha lugar; com o chai wallah, compraram um cha para nos e assim que dois lugares de cima, onde se ficam na horizontal ( mostrarei em fotos), vagaram, nos mandaram pra la, pra poder dormir tranquilas e nao sentir o entra e sai de gente em cada estacao.
Por um milagre, chegamos em Delhi as 15:15, apenas 40 minutos depois do previstos, mesmo atrasando mais de hora em Jaipur e fazendo parada longas em diferentes estacoes. Um alivio, porque tambem motivo da minha tensao era o trem que tinhamos que pegar em Delhi, ou melhor New Delhi, uma estacao diferente que que chegariamos, as 17:25... Mas chegamos e chegamos em tempo.
Em New Delhi encontramos Coffey, chines que agora tambem sera nosso companheiro de viagem. E pra contradizer a primeira experiencia em trens regionais, o trem de Delhi a Kalka foi tranquilissimo!!! Ja estava na plataforma, tinhamos lugares marcados, classe 3AC (boa), lanchinho no partida, cafe, agua... e as 5 horas passaram voando.
Agora estou em Shimla, depois de outro trem hoje de manha... Me senti na Suica, o trem que pegamos veio percorrendo montanhas... e aqui estou, no Himalaia!!
E seguimos a Manali!!! Esperem novidades!

terça-feira, 3 de março de 2009

Pushkar e Ajmer: fies muculmanos e hindus bem perto

Ir a Pushkar por um dia foi uma experiencia e tanto. ;) Pushkar eh uma cidade sagrada que atrai fieis e tambem muitos turistas de um estilo mais hiponga. A vilazinha eh bem pequena e eh toda desenvolvida em volta do lago, com ghat, escadarias que levam as aguas onde os fies fazem seu pooja (oracao) que tambem inclui banhar-se nas aguas sagradas. Algo bem parecido com a famosa Varanasi, nas margens do Ganges.

A vila eh repleta de tempos e entre o mais famoso esta um dos unicos templos dedicado a Brahma, um dos tres principais deuses hindus: Shiva, Vishnu e Brahma. Tem uma mitologia por tras disso, que Brahma estava no lago e queria fazer alguma cerimonia e sua mulher, Savitri, nao foi, entao ele casou-se com outra mulher. Extremamente braba, Savitri proibiu depois disso que Brahma fosse adorado em qualquer outro lugar que nao Pushkar.

Por ser repleta de templos, Pushkar tambem eh repleta de vendedores de coisas para o pooja: flores, balinhas de hortela (que se toma no final da oracao... daria pra comparar com a ostia), cocos, etc. E por ser repleta de turistas, Pushkar tambem eh repleta de lojinhas. Encontramos la o que se encontra na maioria das lojinhas indianas: kurtas, bolsas, sapatos, incensos, artigos de decoracao... eu sai com um sapato, bem bonitinho, por 5 reais ;) alem de incensos com cheiro de lotus (flor sagrada hindu) por 10 rupias.

Uma experiencia legal foi tirar os sapatos (o que se deve fazer para entrar em qualquer lugar sagrado hindu e ate muculmano) e caminhar pelos ghats. Vimos varias pessoas rezando, oferendo flores aos deuses (varias estatuas espalhadas nas margens do rio) e, claro, se banhando. Era 3 da tarde e a escadaria de pedra estava pelando... so deu um tempeiro extra ao passeio, ja que tivemos que ir pulando pra nao queimar os pes! ;)

Alguns quilometros de Pushkar fica Ajmer, cidade famosa para os fies muculmanos. La esta a Dargah, que segundo os indianos - sim, porque a Salma que eh muculmana nunca tinha ouvido falar - eh a segunda mesquita mais importante depois de Meca Medina. Pra mim foi super interessante ver a mesquita sob os olhos da Salma... Infelizmente nao pudemos entrar juntas, porque a seguranca impedia a entrada de mochilas e bolsas e achamos melhor ir uma por uma. Ela disse que mesquitas aqui na India sao diferentes, que tem um pouco de mistura com a crenca hindu... isso de oferecer flores e tal nao existe no Isla. Mas la estavam os fies jogando flores na tumba de um Santo Sufi. Tambem notamos que poucos la dentro da mesquita estavam realmente rezando...

Depois de Ajmer, seguimos a jornada de 3 horas e meia para os miseros 100 km de distancia entre as cidades de Ajmer e Jaipur... Por isso que eu digo que viajar na India nao eh facil! ;)

Viajando na India...

Backpacking na India nao eh pra qualquer um... desde o momento que eu sai da minha querida Mumbai com uma mochila nas costas e com a compania da Salma, foram muitos os estresses que tivemos que enfrentar. Na India, ha uma escassez de infraestrutura que torna cada viagem um desafio: onde pegar um onibus, e um onibus decente, ir de um lugar pro outro, onde comer, como andar em paz sem indianos em volta tentando oferecer ajuda, servico de guia ou ate produtos.

Em Delhi, passeando por Connaught Place, um lugar um pouco turistico, com lojinhas e tal, nao tivemos paz um so minuto: a cada rua que atravessavamos tinha alguem pra perguntar se precisavamos de ajuda, de tickets, de auto-rikshaw, dizendo que na outra rua tem um shopping etc. E alguns deles sao tao insistentes que chegam a andar alguns metros do nosso lado e falando continuamente... sem contar que perguntam o nome, de onde a gente eh, o que a gente faz... demais!!! Comentei com a Salma que a gente deveria dizer que vinha do Paquistao, pra ver se a gente consegue afasta-los um pouco! hihihih

Demos uma chance pra um carinha, so pra tentar descobrir o que esses caras que oferecem ajuda querem. Descobrimos que a maioria deles trabalha como guia e que no fim do dia pedem 200, 300 rupias, o que eh uma quantia bem generosa aqui ( um trabalhador normal, tipo pedreiro, ganha 100 rupias por dia).

Jaipur que eh uma cidade ainda mais turistica, com seus palacios e fortes, alem da cidade murada, eh ainda pior. A abordagem eh constante! Good name? Country? Jaipur vacation? how many days Jaipur? see my shop? many things in my shop... num ingles bem ruizinho. E isso que eu ja estou 6 meses na India, sei la, achei que de alguma maneira ja tinha ficado mais imperceptivel... but not really... perguntamos pra alguns trainees daqui (estrangeiros como eu que tambem estao aqui em intercambio, trabalhando) como eh com eles... e disseram que passam mais desapercebidos... nao acreditei ;) acho que eles se acostumaram... hihihih

Alem do "assedio" o que faz a gente morrer de saudades de Mumbai eh a infraestrutura. Em Mumbai, em cada esquina se encontra um costureiro, um restaurantezinho, um mercadinho que vende de tudo e rikshaws por toda parte, ate mesmo de manha cedo, tipo 6am. Aqui, pra ir a Pushkar um dia e pegar o onibus as 6:30 da manha tivemos que telefonar pra um motorista de rikshaw que uma das trainees tinha o contato e que alem de chegar atrasado nos cobrou uma facada pra nos deixar na estacao (mas era impossivel chegar la se nao assim... ZERO rikshaws na rua nesta hora da manha).

Pra tomar cafe da manha, tambem tivemos problema! Impossivel achar um restaurantezinho que servisse pao e cafe... ou ate mesmo cha... caminhamos horrores para cair num restaurante que estava abrindo (era quase 11 da manha) e que nos ofereceu cafe e ainda conseguimos algumas torradas. E ai que Mumbai se torna a super Mumbai. Como eh facil fazer tudo em Mumbai: com o trem, mesmo que lotado, da pra cobrir longas distancias em minutos, com rikshaws por toda a parte e usando o meter da pra ir de um canto pro outro por 10 rupias (aqui tem que barganhar ate na hora da corrida... e nunca vi nenhum rikshaw fazendo uma corrida por menos de 30!!), com restaurantes por toda a parte, com mercadinhos... Saudades de Mumbai!!!

E nao para por ai... claro que como trainees, morando e trabalhando em cidades aqui na India, eu e a Salma tambem comecamos a analisar como seria morar nessas cidades... Aqui em Jaipur a gente esta numa casa de trainees... E mais uma vez: viva Mumbai!!! Mumbai eh seguro para meninas ate mesmo tarde da noite, Mumbai tem vida o tempo inteiro, Mumbai tem pubs, restaurantes descolados...Enquanto Jaipur e Delhi nao oferecem muitas opcoes... as ruas esvaziam por volta das 8 e o programa principal eh ficar em casa!

Bom, mas chega de reclamar. O estresse eh grande mas no final do dia sempre tenho a sensacao de dever cumprido, de ter aprendido/visto algo novo. Lembro das ruelas movimentadas de Jaipur, das ruas amplas e arborizadas de Delhi, dos ghats (caminhos para o lago) em Pushkar e acho a India bonita. So aguardem pra ver as maravilhosas fotos que eu tirei. ;)