terça-feira, 10 de março de 2009

Um pulinho no Tibete

Antes que se assustem com o titulo do post, ja vou adiantando que nao cheguei a cruzar a fronteira. O ar tibetano de McLeod Ganj, com monges andando pelas ruas, banderinhas amarelas, azuis, brancas e vermelhas e seus templos budistas, eh o responsavel pela inspiracao do titulo. Junto com Dharamsala, esta regiao eh conhecida por ser a casa do Dalai Lama e tambem do governo tibetano em exilio, desde 1959 com a invasao chinesa.
Nas ruas as vezes eh dificil acreditar que ainda estamos na India... Os refugiados fizeram de tudo para se sentir em casa: a oferta de produtos eh diferente, cheia de artesanato do Tibete, com pinturas tangka (estilo de pintura tibetano, com temas como divindades budistas ou mandalas), vestidos de seda, prata, etc. A comida, claro, tambem mostra a raiz deste povo: em cardapios encontramos diferentes tipos de noodles (massa tipo chinesa/japonesa, que no Brasil comemos no estilo yakshoba), sopas e deliciosos momos, bolinho feito de massa com recheio vegetariano ou de carne, cozinho no vapor. Depois, a quantidade de olhinhos puxados que vemos esconde os poucos indianos que moram aqui. Alem do que, desde o comeco da nossa expedicao para o norte, tenho notado a diferenca na fisionomia dos indianos aqui... Sao muito diferentes dos indianos de Mumbai e ainda muuuuito mais que os indianos do sul: pele mais branca, olhos mais puxados, estatura menor. Outra observacao: os tibetanos sao bem mais timidos se comparados aos indianos, o que tambem muda a nossa experiencia na cidade, olhares timidos ao inves de vendedores insistentes. ;)
Os templos budistas sao incriveis, com suas combinacoes de cores, com suas paredes pintadas e estatutas detalhadas de divindades e de Buda, com a superficie dourada. Impressionante como a combinacao de cores eh muito mais harmonioza que nos templos hindus. Outra parte interessante do templo, sao as "rodas de oracao" ( nao sei se descrevi de maneira correta... pesquizarei e confirmo com voces), que tem o poder de equivaler um simples mantra "Om padme mani hum" por todos os que estao descritos na roda, se o budista passar pelas rodas girando-as e "chanting" este mantra.
Tudo isso ja valeria a nossa passagem por aqui... Mas o ponto alto da nossa viagem foi fazer parte de uma cerimonia com o Dalai Lama! Uma funcao religiosa, que pelo que entendi encerra um periodo de oracoes e tambem serve pra abencoar o governo do Tibete, aconteceu ontem. Chegamos cedo de manha no templo e a cerimonia seguiu por horas. Dalai Lama estava la, no altar, apenas um pouco a frente da estatua de Buda. A parte que vimos foram as oracoes... Monges "chanting" por horas e horas. Depois alguns presentes foram oferecidos ao Dalai Lama. Comida foi oferecida a todos as pessoas presentes, que alem de monges compreendiam em familias tibetanas e alguns estrangeiros, como nos.
Claro que foi uma emocao e tanto ver uma entidade tao de perto... Dalai Lama, grande simbolo da paz no Ocidente, estava la, na nossa frente...
Por muita coincidencia, chegamos aqui na epoca em que Tibete esta completando 50 anos de luta pela independencia. Desde Marco de 1959 muitos foram os capitulos entre a China e o Tibete. Hoje, dia 10, houve outra cerimonia e tambem um protesto para um Free Tibet. E muito interessante fazer parte de isso tudo, parte da historia. ;)
Esqueci de lembra-los mais um interessante detalhe: Coffey, nosso companheiro de viagem, eh chines... Imaginem, andar com um chines por aqui, onde tudo aqui eh contra a China... ate o coitadinho ficava meio assim em falar a verdade a respeito da sua origem. Disse que se usar uma camiseta Free Tibet na China, nao tem vez pra ele... Brincando com isso, tiramos muitas fotos dele com a bandeira, chegando perto e talz e amecamos colocar na internet... hihihih
Hoje a noite partimos para Jammu e de la para a famosa Srinagar... Bye Bye Tibete, foi bom mas ja eh hora de partir. ;)

Um comentário:

David disse...

Fantastic, Cora! And how is Salma doing?