segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Casamento Indiano

Depois de cinco dias em Bangalore, ou melhor, em no estado de Karnataka, estou de volta a minha querida cidade e a minha querida casa em Mumbai.

A viagem foi otima, mas devo confessar que morri de saudades de Mumbai. E da minha casa, dos meus colegas. Impressionante, isso raramente me acontece (sentir saudade de casa quando estou viajando, ainda mais, por tao pouco tempo), mas estava mais feliz impossivel quando finalmente pisei em territorio marati ontem as 9 da noite. ;) Acho positivo, sinal que aqui, num pais totalmente diferente do meu, onde cheguei sozinha e sem referencias, ja consegui criar um porto seguro!

Mas sensacionalismo a parte, vamos ao que interessa, o casamento indiano!!! ;)

Tres dias de celebracao... O primeiro foi quarta feira e, infelizmente, nao participei. A comemoracao era mais familiar, os noivos em suas respectivas casas e com suas familias. Chegamos em Chickmagalur apenas na quinta, apos 4 horas de viagem desde Bangalore. Estavamos em quatro, eu , Nandu, um amigo dele que tambem era amigo do noivo, Bharat, e uma prima do Nandu, Megan. Ai ao encontrar os pais do Nandu foi aquela correria, tinhamos que nos arrumar para o casamento que ja estava acontecendo (isso por volta das 11 da manha). E era o dia de usar o saree! E antes disso, de “enrolar” o saree!!!
Quem enrolou o saree foi a mae do Nandu, mas na pressa, acho que ficou meio solto. (nao se assuste, o saree nao caiu, ta?) Primeiro, coloca-se a blusa, chamada Choli, e ai vem a Peticoat, saia que se poe por baixo. Depois disso tem varias maneiras de enrolar, que mudam a maneira como o Paloo fica, ou seja, a parte do saree que se coloca sob o ombro. Mas o “leque” na frente, onde o saree e dobrado varias vezes, eh obrigatorio.

Ai fiz uma maquiagem basica, o cabelo ficou de qualquer jeito mesmo ( ao contrario do Brasil, para as festas, o penteado nao toma muita atencao... a maioria das mulheres prende de qq jeito, as vezes um coque e as vezes uma tranca). A mae do Nandu ainda me emprestou umas joais, brinco e colar e eu finalizei a minha producao com as minhas “maching bangles”, pulseiras lindas e com cores combinando com o saree.

E nao sei quem me disse que “enrolar” o saree era dificil, na minha opiniao, usa-lo eh bem pior!!! Que sufoco, comecei a andar toda dura, sentei no carro e amassou todo, que a mae do Nandu me fez levantar e depois de eu ver como ela fazia, sentar denovo. Pra subir escada, entao uma dificuldade... e pra sentar, sempre tomando o cuidado de nao amassar... (no caso de saree de seda, como o meu). Nao sabem a inveja que senti ao chegar no casamento e todas indianas usando o saree com uma naturalidade...

Ao chegar no centro de eventos ( o casamento nao aconteceu num templo e sim num salao para festas, com um salao em cima e um refeitorio embaixo, como mostram as fotos no proximo post), fomos recepcionados pela familia da noiva, ja que a comemoracao do segundo dia eh oferecida por eles. A cerimonia ja estava acontecendo, no palco, mas quase em silencio, com todo mundo sentado e conversando. Ah, mulheres de um lado, homens do outro. Para ver melhor o que estava acontecendo, subi no palco. Ai estavam os noivos, algumas pessoas mais proximas em volta e os religiosos ( como se diz isso para hindus, sera que a palavra correta e guru?). Algo similar com uma oferenda, alguns rituais feitos com frutas, leite, arroz, etc. Claro que nao entendi nada, mas tirei varias fotos. ;)

Finalmente, chegou o momento de felicitar os noivos. Entao uma fila gigantesca se formou, em torno de 1000 pessoas estavam no casamento. Uma semelhanca as nossas celebracoes, tambem se joga arroz nos noivos. ;)

Foi depois disso (e de muito esperar, chegamos no salao as 11:30 e ja era mais de 2 da tarde), fomos almocar, no refeitorio. Sei que essa palavra parece meio estranha quando se trata de uma festa de casamento, mas eh perfeita pra descrever o lugar. As mesas eram curtas, so com uma fila de pessoas, ja que seriamos servidos pela frente. Entao recebemos uma folha de bananeira (“nosso prato”) e agua para lava-la (e aproveitar e lavar as maos, “nossos talheres”). Depois disso somos continuamente servidos: doces, pao, currys, arroz; tudo veg, ja que dia da cerimonia religiosa (nao sei se estou 100% correta, mas carne esta relacionado com algo impuro no Hinduismo, por exemplo, nao se deve comer carne e ir a um templo no mesmo dia). Foram tantas as coisas que eles ofereceram, que perdi a conta. Mas estava tudo delicioso, bem diferente do que se espera quando se vai a um refeitorio!

Lavamos as maos depois, e no meu, caso, lavei ainda mais. Ainda nao estou 100% acostumada a comer com as maos, me sujo muito mais do que a media. ;)

Ja contei a parte em que usar o saree nao estava nada confortavel, mas nao falei que estavamos na festa apos apenas 3 horas de sono (sem contar as cochiladas que dei na viagem), ou seja, mais uma vez (como foi em Bollywood), estava me arrastando. Ihihih E depois do almoco ainda tinha mais rituais, os noivos trocaram de roupa e a celebracao foi ate as 5:30 mais ou menos... Finalmente, os noivos entraram no carro e a choradeira comecou. Entao a comemoracao continuava na casa do noivo, nao com as 1000 pessoas, mas com a familia do noivo (que nao pensem que era pequena, no minimo 50 pessoas) e duas pessoas por parte da noiva, que sao responsaveis por arruma-la e orienta-la na celebracao.

A casa do noivo fica em Murti, vila onde a familia do Nandu tambem mora ( o Nandu e o noivo sao primos) e uma hora de carro desde Chickmagalur. Quando o casal chega na casa, mais rituais: incenso, banana, coco, arroz... hihih vai entender porque tanta coisa! Mas foi rapida. Depois, a festa continua, comecaram a servir alguns petiscos, bebidas (com alcool) e, mais tarde, janta. Neste momento, a maioria trocou de roupa... De saree de seda para conjuntos salwar kammeez simples ou sarees de tecidos menos nobres. Os homens, que estavam em trajes indianos tradicionais, por jeans e camiseta.

Ate rolou uma musiquinha, mas a festa foi bem familiar. Todos parentes, de um lado ou de outro, digo, parterno ou materno, e as vezes dos dois! ( em cidades pequenas e com casamento arranjados, fica quase impossivel todo mundo nao ser parente). Foi neste momento que troquei umas palavrinhas com umas e outras pessoas; desde tias muito simpaticas e carinhosas ate um que outro tio. Tambem conversei com este amigo do Nandu que veio com a gente desde Bangalore, Bharat, que eh uma figura impar e dele devo falar melhor mais tarde (so uma pontinha, ele eh bramane, ou seja, da casta mais alta dentro do sistema hinduista). Claro que tinha jovens na festa, tanto primas quanto primos, mas nao sei quem era mais timido, se eu ou se eles...

Terceiro dia!! Oferecido pela familia do noivo e com bem menos convidados, a comemoracao foi bem mais simples. Aconteceu no mesmo lugar e por nao ser um dia “religioso”, a comida era non veg, ou seja, galinha, porco e cordeiro estavam incluidos no cardapio do almoco. Antes das 3, ja estavamos liberados.

E por ser tudo mais simples, as roupas tambem eram mais simples. As senhoras continuaram em sarees, claro que diferentes dos do primeiro dia, mas as jovens usavam conjuntos salwaar kameez ou churi dar ( calcas largas ou apertadas) arrumadinhos. Os homens, em roupas ocidentais (camisa e calca). E la estava a Cora, “over dressed” com o seu lengha, cheio de bordados... arhg! O Nandu nao me explicou direito como seriam as comemoracoes, so me lembro dele dizendo “party clothes, party clothes” e la fui eu comprar “party clothes” indianas. O que ele queria dizer, eram roupas de festa tipo boate, ou seja, jeans, blusinha e salto, para a festa que aconteceria a noite, que nao teria “nada” de indiana. Foi ai que eu descobri a diferenca gigantesca entre os casamentos! Baseada nos conselhos do Gergory e minhas experiencias (filmes, fotos, revistas) em casamentos indianos, imagina algo muito mais grandioso. Mas esses casamentos grandiosos, como todo mundo super arrumado sao do norte da India e eu estava no sul...
E as mulheres que me entendam, oh sensacao ruim esta de estar muito arrumada (ou pouco) em uma festa... Ainda mais eu, que ja estava chamando a atencao naturalmente por ser desconhecida e estrangeira!

Mas trauma a parte, ;) , voltamos para a casa do Nandu a tarde e pudemos curtir um pouquinho do dia. O pai do Nandu, assim como a maioria nesta regiao da India, eh plantador de cafe. Quando o Nandu me contou isso, ainda no Brasil, imaginava a casa dele como uma dessas mansoes dos Baroes de Cafe que aparecem nas novelas brasileiras, aquelas casas antigas e lindas em fazendas planas, com extensoes enormes de plantas de cafe. Totalmente o oposto! Hihih O local eh uma regiao montanhosa ( nao tanto com a Serra Gaucha); a casa do Nandu ficava no topo de um morro e nao tinha nada de “antiga”. O lugar era fantastico, uma vista linda da regiao. E uma paz... A plantacao de cafe fica nos morros e tambem diferente do Brasil, sao cultivadas na sombra (ha arvores altas no meio das plantacoes).

Pra minha alegria, depois de quase dois meses sem cafe, pude abusar da bebida, mas sempre acompanhada com leite e acucar. Foram inumeras as vezes que os tios do Nandu (a maioria tambem plantador de cafe) perguntaram qual cafe era melhor, o indiano ou o brasileiro. Como nao tomei o cafe puro, black coffee, fica dificil comparar. Diria que o indiano tem um gostinho mais queimado no final...

Entao o casamento termina com uma festa, realizada em um hotel 5 estrelas, perto de Chickmagalur (nao me perguntem quem frequenta o hotel... no interior de Kanataka, onde eu acho que a unica atracao sao as plantacoes de cafe).Ai foi o momento que tive que improvisar, nao tinha as tais “party clothes”... Mas uma blusinha aqui, um jeans ali, umas pulseiras e um sapato de salto emprestado da prima do Nandu e uma maquiagem caprichada, la estava eu, pronta pra festa.

Sem muitos comentarios, ai parecia nossas festas... Buffet, bar com bebidas, pista de danca... Estava divertido, mas nao foi uma super festa.

Resumindo tudo, o casamento foi interessante, mas longe do que eu esperava. Depois de assistir ao filme “Casamento Indiano” ( ou Monsoon Wedding em ingles, assistam, vale a pena), esperava uma festa em grande estilo, com decoracao indiana, tendas, trajes tipicos, musica tipica, guirlandas de flores por toda a parte... Porem, com certeza a experiencia valeu; tambem reecontrei o Nandu e outros amigos da Suica (depois conto melhor) e ainda vi a India sob outro angulo ( em Karnataka a lingua falada eh Kannada, bem diferente de hindi, as pessoas sao diferentes, a cidade... muitas diferencas!! Comentarei depois!

3 comentários:

morrismonch disse...

Super Interesante! Aunque creo que le dan demasiada importancia a las bodas en India. Algo escribiste de que la boda ya es arreglada, por eso casi todos se conocen. O sea, ¿siguen existiendo los matrimonios arreglados? ¿No te puedes casar con quien quieras? Ojalá que llegues a aprender a cocinar algo típico de India, con tantas cosas que mencionaste, todo se me antoja, hasta el café de Nandu ji ji. Oye, y qué chistoso eso de ir over dressed, pero casi era de esperarse, siempre pasa cuando menos lo quieres ji ji. Si es tan complicada una boda, me imagino lo difícil que debe ser VESTIR a la novia...¡Qué horror! y sbes qué recordé, que India para ti es el lugar ideal, pues con tantas pulseras debes ser la más feliz. De hecho, cuando te fuiste de Chile, dejaste algunas en mi depa, unas azules parecidas a las de tus fotos en India. Vas a regresar a Brasil cargadísima de joyería. ji ji ji

Anônimo disse...

mui bien las fotitas e usted esta mui bonita

Anônimo disse...

Corita parece que essa coisa indiana esta lhe fazendo bem. Vovce me parece feliz. Gostei das cores vivas do turbilhão de coisas diferentes. Espero um dia poder mte visitar. Beijo